A origem da moral

O dicionário de Houaiss define moral como “conjunto de valores, individuais ou coletivos, considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens”, e, filosoficamente, como “cada um dos sistemas variáveis de leis e valores estudados pela ética, caracterizados por organizarem a vida das múltiplas comunidades humanas, diferenciando e definindo comportamentos proscritos, desaconselhados, permitidos ou ideais”.

Vista através das lentes obscuras das teorias da evolução, a moralidade é um problema muito difícil: não há como chegar à sua origem de uma forma lógica, embora tendo que admitir como realidade os conceitos de “bem” e “mal” que distinguem os seres humanos de todos os animais. Não existe uma explicação plausível para uma origem da moral através da evolução, não importando quantos “zeros” se acrescentem ao tempo que levaria. Vejamos alguns argumentos usados pelos ateus:

“Acredito na distinção do que é certo (o bem) e errado (o mal) e também acredito na evolução, logo é óbvio que são compatíveis”. Mas isto não faz sentido, pois é possível, e acontece muito, acreditar em falsidades. É necessário saber a realidade, não o que apenas se acredita, mesmo que seja a maioria. A moralidade não se justifica pela evolução.

“Os padrões do que é certo ou errado podem ser adotados pelas pessoas”. Mas se cada um pode criar os seus próprios padrões do que é certo ou errado, então ninguém pode acusar outrem de estar fazendo o que é errado, porque ele pode inventar o seu próprio código moral. Por hipótese, alguém poderia montar para si um código moral em que é legítimo cometer um assassinato. Ficamos perturbados com isto, mas como poderíamos dizer que ele estaria agindo mal ao matar outros, se a moralidade é apenas a escolha de um padrão pessoal? O mesmo acontece quando o padrão é da livre escolha de um grupo, sociedade ou nação. Não seria possível julgar a justiça de uma lei, por exemplo.

“O ‘bem’ é o que traz a maior felicidade para a maioria”. Isto é um padrão adotado artificialmente em torno de um objetivo, a felicidade da maioria, sendo esta por sua vez algo subjetivo, indefinível, que varia entre as pessoas. Se todos somos o resultado de acidentes químicos, como querem os evolucionistas, o que nos faz cuidar pelo bem-estar dos outros? Não faz sentido para um ateu.

Se os seres humanos são apenas o resultado inevitável das leis da física e química atuando ao longo do tempo, como podem as pessoas ter uma verdadeira escolha do que fazem? Se as decisões são simplesmente determinadas por reações eletroquímicas no cérebro, que por sua vez seriam apenas o resultado de bilhões de erros feitos ao acaso em cópias do seu DNA, como então podemos responsabilizar as pessoas pelos seus atos?

Afinal, não culpamos o planeta Vênus por girar para trás. Não ficamos indignados com bicarbonato de sódio porque reage com vinagre. Isto é apenas o que necessariamente acontece no universo em obediência às leis naturais. Então por que iria um evolucionista se indignar com o que um ser humano faz para outro, se todos não somos mais que reações químicas complexas? Afinal, o que um animal faz para outro é moralmente irrelevante.

Talvez o ateu nos diga que “moralidade é aquilo que a maioria decide que deva ser”. Mas esta definição tem os mesmos defeitos que as opiniões anteriores. Transfere uma opinião não justificada de uma só pessoa para um grupo, sendo arbitrária e podendo levar a conclusões absurdas. Por exemplo, Hitler conseguiu convencer uma maioria do seu povo que suas ações eram certas, também Mussolini e Stalin escolheram um código moral em que o assassínio em massa era perfeitamente aceitável. Pela sua definição de moralidade, os ateus e evolucionistas são obrigados a afirmar que essas ações eram boas.

Note-se que na definição do dicionário acima, “moral é o conjunto de valores considerados universalmente como norteadores”. Num mundo ateu, evolucionista, seria necessário haver enquetes mundiais sucessivas sobre cada um destes valores a fim de se chegar a um conjunto norteador das relações sociais e da conduta dos homens. Os conceitos sobre o que é certo ou errado não passariam de ser resultado de uma avaliação das preferências pessoais da maioria da população do mundo – algo inatingível, muito menos a unanimidade.

Fora da criação bíblica, a moral não tem qualquer justificativa. Embora os incrédulos venham a classificar as ações como “boas” ou “más”, eles não têm qualquer base consistente para definir o que é “bom” ou “mau”.

Na verdade, muitos evolucionistas deixam bem claro que a evolução não fornece qualquer base para a moralidade. O eminente evolucionista e professor de biologia William Provine da Universidade Cornell, nos EUA, ao falar das implicações do darwinismo, declarou: “Não existe base fundamental para a ética, nenhum significado fundamental para a vida, e o livre arbítrio é um mito humano”. Se a evolução fosse verdade, não poderia haver um código moral universal ao qual todas as pessoas devessem aderir.

Também Steve Weinberg, evolucionista e professor de física da Universidade do Texas, EUA, laureado com o prêmio Nobel, declarou: “Penso que parte da missão histórica da ciência tem sido nos ensinar que não somos brinquedos da intervenção sobrenatural, que podemos achar nosso próprio caminho no universo, e que temos que encontrar nosso próprio sentido de moralidade”. Novamente, se a moralidade é determinada por nós próprios, então não se justifica compilar um código moral universal que todo mundo deve obedecer.

A Bíblia não só explica a moralidade, mas também a razão por que os evolucionistas se comportam assim. Mesmo aqueles que não têm fundamento para ela dentro do seu ponto de vista ateu, acreditam num código moral; isso porque no fundo do seu coração realmente conhecem o Deus da criação, apesar da sua declaração ao contrário. A Sagrada Escritura nos diz que todos conhecem o Deus bíblico, mas que eles suprimem a verdade sobre Deus (Romanos 1:18-21).

Em suma, se não houvesse um Deus criador, Aquele que inspirou e nos entregou a Sua Palavra, o “bem” e o “mal” se reduziriam a meras preferências pessoais, e esta seria a origem da moralidade.

Para compreender:

(a) por que existe um código moral;
(b) por que todo mundo o conhece;
(c) por que ninguém pode obedecê-lo totalmente,
é imprescindível considerar Gênesis literalmente, sob um ponto de vista cristão.

Embora a maioria das pessoas não o reconheça, o modelo de moralidade e as regras de justiça que a humanidade em geral na realidade delineia têm a sua origem e base na Bíblia, especificamente na história literal do livro de Gênesis. A Bíblia declara ser ela própria a única Palavra de Deus revelada aos homens (2 Timóteo 3:16, 2 Pedro 1:21, Gálatas 1:8). A Bíblia nos diz que Deus é o Criador de todas as coisas e, portanto, todas as coisas Lhe pertencem (Gênesis 1:1; Salmo 24:1). Assim, Deus como o Criador tem o direito de definir padrões absolutos de comportamento.

Gênesis não só justifica a existência do código moral, mas também explica a incapacidade das pessoas de cumprir integralmente esse código. A primeira violação do código moral pela humanidade foi a desobediência de Adão e Eva a Deus ao comerem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (Gênesis 2:17; 3:6). A Bíblia ensina que a natureza rebelde (pecaminosa) é herdada: passa dos pais aos seus descendentes. Assim, todas as pessoas têm em sua natureza uma tendência ao pecado (uma tendência a se revoltarem contra Deus) porque são descendentes de Adão e Eva que cometeram o primeiro pecado (Romanos 5:12; Gálatas 5:17).

O pecado de Adão resultou na maldição de todas as coisas e toda a criação passou a sofrer os efeitos da maldição desde então (Romanos 8:22-23). Assim, um entendimento literal de Gênesis explica por que as pessoas são “imorais” para começar, bem como os “males naturais” em nosso mundo. Lamentavelmente o mundo prefere ficar na escuridão espiritual do que ver expostas à luz as suas más ações (João 3:19). Como Adão tentou se esconder da presença de Deus (Gênesis 3:8), assim também fazem os seus descendentes. Mas a solução para o pecado não é supressão; é confissão e arrependimento (1 João 1:9). Cristo é fiel para perdoar todo aquele que invocar o Seu Nome (Romanos 10:13).

Quase todo mundo acredita que as pessoas deveriam se comportar de uma certa forma: que existe um código moral. No entanto, a fim da moralidade ter algum significado, a Bíblia e um Gênesis literal têm que ser verdade. Uma vez que Deus criou os seres humanos, Ele determina o que é certo e errado, e somos responsáveis a Ele pelas nossas ações.

Devemos, portanto, concluir que os evolucionistas são inconsistentes (irracionais) quando falam de moralidade. Como muitas outras coisas que temos no mundo, a existência da moralidade confirma que a criação bíblica é verdade.

autor: R David Jones.