A primeira carta de Paulo a Timóteo (4)

CAPÍTULO 4

APOSTASIA - PIEDADE – FIDELIDADE
1 Timóteo 4:1-16

A APOSTASIA – Versículos 1-5

Vimos em 1 Timóteo 3:15-16 que a "casa de Deus" na terra é a "igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade". Este capítulo 4 começa com a palavra "mas" e revela o triste fato que a Igreja não continuaria na gloriosa pureza dos primeiros anos. O Espírito Santo revelou a Paulo que, mais tarde, ensinos basicamente errôneos seriam propagados entre os cristãos, exigindo do crente um ascetismo inteiramente oposto à liberdade do Evangelho.

a) A origem da apostasia (v. 1) – Ela provém de "espíritos enganadores", isto é, de demônios, do exército de Satanás, o grande inimigo do povo de Deus. Desde o princípio, o diabo odiava a Igreja e queria destruir o seu testemunho - ou pela perseguição aberta, ou pelas atrações do mundo, ou por ensinos contrários ao Evangelho da graça de Deus.

b) Os ensinadores da apostasia (v. 2) – São pessoas que, entrando nas igrejas como crentes, nunca foram convertidas a Cristo nem O receberam como Senhor das suas vidas. Tentaram mudar a Palavra Sagrada para cobrir os seus pecados e sempre querem atrair um partido atrás de si. Lemos mais a respeito deles em 2 Pedro 2 e na Epístola de Tiago.

c) Os seus ensinos (v. 3) – Aqui temos dois exemplos - o celibato obrigatório e a abstenção de certas comidas; tudo para ganhar mais mérito perante Deus, ou para servi-Lo mais aceitavelmente em qualquer serviço da igreja. Hoje em dia vemos estas duas coisas claramente ensinadas e praticadas em várias religiões e seitas: no “catolicismo romano” há o celibato obrigatório do clero, como também dos monges e freiras; no "adventismo do sétimo dia" temos a abstenção obrigatória das comidas proibidas pela Lei Mosaica do judaísmo e em certas seitas exóticas (principalmente de origem oriental) há proibições semelhantes - tudo com a ideia de promover maior "espiritualidade", mas que, na realidade, produz o orgulho e o fanatismo religioso.

d) A refutação da apostasia (vs. 4-5) – "Tudo que Deus criou é bom, sendo santificado (isto é, feito próprio para o uso humano) pela Escritura e pela oração (ação de graças)". Veja Marcos 7:19; Atos 10:15; 1 Coríntios 8:8. Com respeito ao casamento, Deus o instituiu e o recomendou (Gênesis 2:18-24), Cristo o honrou com o Seu primeiro sinal (João 2:1-11), os apóstolos eram casados e até Paulo reclamou o direito de casar-se (1 Coríntios 9:5) e recomenda o casamento para certas pessoas a fim de conservarem a sua vida espiritual (1 Timóteo 5:14).

A PIEDADE – Versículos 6-11

Esta palavra "piedade", como empregada por Paulo e Pedro, significa a obediência ao Evangelho em toda fase da vida - pensamentos, desejos, motivos e ações: isto é, o verdadeiro caráter cristão e não o meramente "religioso":

a) O ensino da verdade (vs. 6-7) – As doutrinas de Cristo e dos escritores do Novo Testamento, muitas vezes iluminando trechos do Velho Testamento e mostrando sempre a maneira de “viver" dos que andam no novo caminho do Evangelho. Neste caminho não se acha lugar para as "fábulas profanas", lendas e estórias inventadas com respeito a Jesus, os apóstolos e os "santos", de origem fora da Bíblia. O ensinador cristão deve ensinar unicamente o que a Bíblia ensina - e praticá-lo pessoalmente, também.

b) A piedade pessoal (vs. 8-9) – O exercício físico não é sem utilidade; ajuda a saúde e mantém o corpo em boas condições. Mas é "para pouco", isto é, para esta vida só, enquanto que a piedade - um caráter verdadeiramente cristão - vale para toda a eternidade. Eis uma das "palavras fiéis" (veja 1 Timóteo 1:15).

c) O alvo e a esperança do cristão (vs. 10-11) – O seu alvo é conseguir a perfeita santidade, por meio de uma luta espiritual contra tudo que é pecaminoso - seja doutrina ou prática (veja Filipenses 3:12-15). Para este fim, o cristão espera no poder de Deus, pois Ele quer salvar a todos e efetivamente salva todos os que n’Ele confiam.

A FIDELIDADE PESSOAL – Versículos 12-16

O conhecido dito: "Faça o que eu ensino; mas o que eu faço, não o faça você" não deve ser a atitude do ensinador cristão. Mesmo se for moço, ele tem que ser um exemplo vivo daquilo que ele prega. Eis algumas coisas importantes dadas para Timóteo fazer: leitura pública da Bíblia; exortação e ensino das Escrituras (não filosofias e teorias dos homens); tudo conforme o dom especial que ele tinha recebido quando foi recomendado ao serviço evangélico pelos presbíteros da igreja (veja Atos 16:1-2).

Qualquer dom espiritual que um crente tem recebido deve ser cultivado e utilizado constantemente, com oração e estudo da Bíblia. O pregador e ensinador deve cuidar bem da sua própria conduta e dos seus ensinos (v. 16). Assim, ele desenvolverá a sua própria salvação e a de seus ouvintes (veja Filipenses 2:12).

 

autor: Richard Dawson Jones.