Brasil urgente

Vou fazer uso da expressão “Brasil Urgente”, utilizada com freqüência pelo irmão José Carlos Jacintho aqui no Boletim dos Obreiros, tendo em vista a recente viagem que fiz de 22/2 a 7/4/2005, juntamente com os irmãos José Reis (Zezinho) e Theodor Hahlen ao nordeste e norte do Brasil, um país de extensão continental.

DEVEMOS VALORIZAR O BRASIL NO ASPECTO SOCIO-ECONÔMICO

Talvez, por falta de uma boa administração política que vem se arrastando por séculos, nosso país é pouco valorizado pelos próprios brasileiros que consideram que os salários são baixos, às vezes enxergando somente o negativo, dizem: "aqui falta tudo"! E muitos, principalmente os jovens, vão para os Estados Unidos, Europa e Japão, em busca de melhores salários para melhorarem de padrão de vida, e lá vivem uma vida deprimente para conseguirem alguma coisa. É necessário trabalhar muito e economizar o máximo possível a fim de conseguir ajuntar alguns bens materiais, que como tudo neste mundo, um dia acaba.

Todavia, é comum ouvirmos que em outros países, da Europa ou da Ásia, há pessoas que vivem em extrema miséria, muitas vezes pior do que a do Brasil, cujos salários estão muito aquém daqueles praticados em nosso país, onde o custo de vida é muito mais elevado conforme nos é relatado por alguns obreiros brasileiros que vivem nesses paises.

Costumamos ver somente aquilo que nos interessa e não as coisas reais, pois quando vemos alguém em pior situação do que a nossa é motivo para agradecermos a Deus, nos alegrarmos e contentarmos com o que temos.

O irmão Theodor Hahlen, que é suíço, me afirmou que para uma família pequena viver na Europa sem muita mordomia, que aqui chamaríamos de "vida humilde", precisa no mínimo de 9 a 10 mil dólares, e nunca pensar em gastar em supérfluos ou se alimentar como aqui. É muito comum ouvirmos de pessoas que conhecem outros continentes, que o Brasil é o melhor país do mundo para se viver porque aqui tudo é abundante e temos ampla liberdade. Muitos brasileiros não pensam assim e acham que o inverso é verdadeiro. Devemos valorizar nosso país, ele é ricamente abençoado por Deus.

DEVEMOS VALORIZAR O BRASIL NO ASPECTO ESPIRITUAL

Graças a Deus aqui temos, ainda, total liberdade para evangelizar, sem dizer que os campos estão brancos. Podemos sair pelas ruas e pregar nas praças, distribuir literatura em qualquer lugar e até mesmo bater de casa em casa com folhetos evangelísticos e fazer evangelismo pessoal. Temos a liberdade para usar qualquer meio de comunicação para pregar o Evangelho, sem dizer que contamos com a proteção das autoridades civis e militares, enquanto que em muitos países nem pensar! O Brasil, a meu ver, é hoje o maior campo missionário do mundo e muitas denominações estão vendo nisso a oportunidade de semearem seus joios.

Foi-nos contado por um irmão nesta viagem, que os mulçumanos estão pensando em investir alto no nordeste para disseminar o islamismo e fazer o máximo possível de prosélitos, pois vêem ali um campo promissor. Seria muito bom se nossos irmãos brasileiros também tivessem essa mesma visão para levar a Verdade que liberta o pecador das garras do diabo e do lago do fogo eterno.

Para isto acontecer, será necessário que nossos olhos se voltem para este país e nos conscientizemos de que aqui se pode viver de forma humilde, com poucos recursos financeiros, ao invés de criticarmos as nossas autoridades governamentais e as igrejas brasileiras, “que não ofertam”. É hora de olharmos com mais carinho para o Brasil, que, sem falarmos das cidades com população inferior a 50 mil habitantes, há centenas delas com população acima deste número. Foi comum nesta viagem que fizemos, distribuir os Evangelhos de João em cidades do sertão nordestino com 100 a 300 mil habitantes, ou mais, onde não têm trabalhos neo-testamentários. Também, lamentamos que em muitas outras cidades do país, conforme lemos através do Boletim dos Obreiros, há igrejas que estão fechando suas portas por faltar trabalhadores. Irmãos! Missões no Brasil é Urgente!

VAMOS AGORA A UM DESAFIO PARA TODOS QUE LEREM ESTE ARTIGO

Materialismo versus campos brancos para a ceifa – Será que “nossas igrejas” podem alcançar o Brasil com o genuíno Evangelho? Se podemos, como? Vamos tentar responder estas duas perguntas.

Em primeiro lugar, creio que estamos com uma visão equivocada achando que, como nas denominações, precisamos ter “nosso obreiro” em cada igreja local. Está até havendo algum movimento para que o “nosso obreiro local” seja assalariado pela igreja local, ou por uma missão, como qualquer pastor denominacional.

Creio que Deus chama, separa, envia e sustenta alguns poucos irmãos para a Sua Obra em tempo integral, consoante ao que Paulo escreveu em 1 Coríntios 3:9 ... “Porque de Deus somos cooperadores”.  Irmãos, um “obreiro” que dá tempo integral nada mais é do que um cooperador numa gigantesca obra onde, no aspecto humano, a obra maior não é feita por estes servos, mas pelos irmãos que mantêm seus empregos ou negócios e se dedicam intensamente na Obra do Senhor.

Acredito que para alcançarmos com urgência o Brasil com o Evangelho verdadeiro e fundação de novas igrejas locais, não precisamos meramente aumentar o número dos “obreiros em tempo exclusivo”. De fato, não tenho notícias de alguém assim chamado que tenha se mudado (com raras exceções), nestes dois últimos anos, para uma cidade onde do nada se começou uma igreja local. Na verdade devemos orar e almejar um despertamento de casais, ou irmãos individuais, nas igrejas locais, sob oração e direção divina para que se mudem para cidades, principalmente as de porte médio e grande, e exerçam suas vidas profissionais e se esforcem no evangelismo com o propósito de ter naquela cidade uma igreja do Senhor, não restará dúvidas de que pelo menos nas cidades de maior porte haveria um testemunho seguindo o principio bíblico.

Conheço diversas igrejas locais que tiveram seu início quando alguns irmãos, propositadamente ou não, se mudaram para onde não havia uma igreja local e ao invés de se unirem a uma denominação, mesmo exercendo sua atividade profissional, evangelizaram vizinhos e amigos, reuniram-se em suas casas e hoje têm igrejas locais estabelecidas para a glória de Deus.

Sem dúvida eu poderia citar muitos exemplos destes, mas não o farei para não causar constrangimentos. Que bom seria se hoje muitos se sentissem despertados por Deus para a obra missionária neste sentido! Tomassem a decisão de se mudar, não para ganhar dinheiro no Brasil, ou no exterior, mas olhassem os campos brancos dessas cidades, conciliassem suas atividades profissionais com a espiritual e dessem início a muitas igrejas locais em diversas cidades deste Brasil antes da vinda do Senhor para o arrebatamento. Com certeza Deus nunca os deixaria morrer de fome. Irmão(ã), você crê nisto? As igrejas locais brasileiras não podem ficar estagnadas, somente esperando por “obreiros em tempo exclusivo”, sejam eles brasileiros ou estrangeiros, como se fossem seus pastores e aqueles que resolvem a questão, pois cada crente é um(a) obreiro(a) do Senhor.

APELO

Sabemos que os apelos humanos são muitos para o campo missionário, mas somos ensinados a rogarmos ao Senhor da Seara que mande ceifeiros para a Sua Seara (Mt. 9.38). Estamos cientes de que quem chama, direciona, envia e sustenta os trabalhadores que, por amor de Cristo e das almas, deixam seus empregos e salários garantidos, é o Senhor, mas isso tem me trazido alguma preocupação, pois me parece que tem algo de errado, nunca com o Senhor é evidente, mas conosco. Por exemplo, alguém se diz chamado e dirigido pelo Senhor para trabalhar na Sua Obra em outros paises, ou para trabalhar com uma igreja local fortemente estabelecida em sua estrutura espiritual, com muitos irmãos que têm o dom para ensinar e pregar a Palavra de Deus, fazendo até longas escalas de serviço, enquanto isso existem igrejas locais em nosso Brasil que estão fechando suas portas por não haver um irmão que possa ensinar a Bíblia e há milhares de municípios que nem sequer têm um testemunho da Verdade. Irmãos! Reflitamos no apelo divino contido em João 4:35 ... “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa”.

Meu sincero desejo é que haja entre “nossos irmãos” um grande despertar do Espírito nestes dias de mornidão, comodismo e materialismo que imperam entre nós, e vejamos um “Brasil Urgente”, cujos campos estão brancos e não podemos deixar os frutos perecerem. Em toda parte deste mundo há um clamor como no passado “passa a Macedônia e ajuda-nos", todavia irmão, missões no Brasil, hoje, deixaram de ser urgentes e passaram a ser “urgentíssimas”!

Os irmãos que desejarem receber o relatório dessa nossa viagem missionária, escrevam para a Caixa Postal 605, Paranavaí-PR, 87701-970, ou para o e-mail severoliveira@ibest.com.br