O mandamento de Deus

1 João 3:18-24


Os maiores mandamentos de Deus aos israelitas se resumiam em duas sentenças, conforme citado pelo próprio Senhor Jesus: "Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças … Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Marcos 12:30-31).

O mandamento de Deus para nós que professamos ser cristãos, conforme lemos nesta passagem, é: "que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento" (1 João 3:23). Estas duas partes de um só mandamento são inextricáveis: se nos limitarmos apenas a dizer que cremos em Jesus Cristo, e evitarmos qualquer envolvimento com nossos irmãos na fé, estaremos desobedecendo ao Seu mandamento.

O "crer no nome do Seu Filho Jesus Cristo" abrange aceitar tudo o que Ele é e disse (1 João 1:3). Essa fé, pela graça de Deus, nos traz a vida eterna que é comunhão com Deus, e Ele habita em nós mediante o Espírito Santo (João 14:10,17,23, 17:21; Romanos 8:9,14,16). O Espírito Santo é dado a todo o crente: "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Romanos 8:9). A habitação do Espírito Santo em nós é a evidência que somos filhos de Deus, e é o Espírito Santo que dá realidade ao amor de Deus em nossos corações.

O Senhor Jesus disse: "Se me amardes, guardareis os meus mandamentos" (João 14:15) e "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (João 15:12). Esse amor não é simples emoção e sentimento, e não se expressa apenas em palavras, pela língua. Nossa língua tem facilidade em correr adiante dos nossos pés, mas o legítimo amor cristão não se demonstra com a língua. Ele sinceramente procura dar apoio e auxílio. Palavras bondosas podem confortar e alegrar, mas as expressões cordiais devem ser acompanhadas por ações do coração para que o amor seja por obra e em verdade, enfim, autêntico. Em outras palavras, o amor se manifesta pelo que fazemos por nossos irmãos: não é amor de apenas dar um abraço, ou de dizer que temos amor, mas é expresso mediante um interesse real pelo seu bem-estar.

Se realmente formos filhos de Deus, manifestaremos este amor. É um amor com sacrifício próprio. Pode não ser necessário dar as nossas vidas, mas certamente é necessário dar das nossas posses, tempo etc. O cristianismo é um relacionamento de amor, um amor sincero para com todos os coirmãos em Cristo. Este amor é negado quando, por exemplo, nos esforçamos em denegrir a boa reputação de outro servo do Senhor, mesmo espalhando secretamente boatos maldosos a respeito dele “porque onde há ciúme e sentimento faccioso, aí há confusão e toda obra má” (Tiago 3:16).

A carta de Tiago expõe esse assunto mais detalhadamente e dá exemplos: "se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: 'ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos', e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?" (Tiago 2:15-16). É o que pode acontecer quando um irmão necessitado se aproxima de nós e lhe dizemos apenas "vou orar por você, amado irmão". Vai ser uma tragédia quando muitos crentes chegarem à presença de Cristo depois de terem recebido uma grande provisão dos bens deste mundo, se não tiverem feito uso deles para benefício dos seus irmãos necessitados.

Se as nossas vidas manifestarem obediência a esse mandamento, temos a garantia que somos da verdade quando nos aproximamos de Deus em oração. Além disso, assim como é possível sermos envergonhados quando da vinda de Cristo se tivermos gasto inutilmente aquilo que nos foi dado, teremos confiança quando chegarmos à Sua presença se tivermos usado nossos recursos sabiamente para o benefício do Seu reino. Deus nos dá confiança em nossos corações que estamos agindo conforme a Sua vontade fazendo aquilo que Ele deseja.

Paulo tinha essa segurança quando escreveu: "Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda." (2 Timóteo 4:8). A onisciência de Deus está ligada ao Seu amor e simpatia. Deus conhece todos os segredos dos nossos corações. Todo filho de Deus pode ter essa segurança, mas suponhamos que não a temos, porque sentimos em nossa consciência que não estamos fazendo tudo daquilo que deveríamos estar fazendo. Será que isso significa que perdemos a nossa salvação, ou mesmo que nunca a tivemos?

Certamente não perdemos a nossa salvação uma vez salvos. Se nosso coração, ou consciência, nos condena, Deus é maior do que nossos corações, maior do que nossa falta de segurança. Ele ainda vai ouvir nossa oração, Deus maravilhoso como Ele é. Se faltarmos com Ele, Ele não nos faltará. Podemos depender d’Ele. Mesmo quando não temos segurança, podemos simplesmente continuar a ir até Ele. Por outro lado, se nosso coração (consciência) não nos condena, temos confiança em nossa comunhão (não pretendendo isenção de pecado) com Deus, e nos chegamos a Ele, confiantes, em oração (Hebreus 4:16). É maravilhoso termos confiança quando oramos.

A prática do amor cristão nos dá segurança para orar, porque podemos esperar que Deus nos ouça e responda nossa oração quando nossa vida O agrada. Não há limites aos pedidos feitos em oração quando existe comunhão completa com Deus, o que significa sujeição completa da nossa vontade àquela de Deus nosso Pai (Marcos 11:24; Lucas 11:9; João 14:12; 16:23). Receberemos regularmente a resposta às nossas orações porque:

  1. Guardamos os Seus mandamentos, e
  2. Fazemos aquilo que Lhe é agradável.

Nem sempre a resposta virá da forma que esperamos, mas será a melhor para nós.

Quando a igreja primitiva começou a ser perseguida, e os apóstolos foram proibidos de pregar no nome de Jesus, eles contaram o que se havia passado aos irmãos; eles se reuniram e se dirigiram a Deus em oração.

Eles começaram a sua oração dizendo "Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há…" (Atos 4:24). Nosso Pai celestial é o Deus poderoso, criador de tudo e Senhor do universo, Ele é quem manda. Os discípulos não pediram que não houvesse perseguição, mas que Deus permitisse que falassem a Sua palavra com toda a ousadia. Deus lhes concedeu esse pedido, houve perseguição e, em consequência, o Evangelho rapidamente se espalhou por toda a parte.

Vemos assim como o verdadeiro crente em Cristo, amando seus irmãos, pode fazer uma grande contribuição para a obra de Deus em comunhão com eles.

autor: R David Jones.