A Autobiografia de John G. Paton - 4

Uma Vida Longa e Frutiera

John G. Paton, depois de perder sua esposa e filho, continuou na evangelização do povo de Tanna, tendo somente a companhia de alguns crentes da ilha de Anieitiuma. Como narrado nos artigos anteriores, este trabalho foi extremamente difícil, perigoso e desanimador.

Em maio de 1861, um missionário canadense e sua esposa foram massacrados na ilha vizinha de Erromango. Os taneses, encorajados por esse exemplo, redobraram seus ataques a Paton, que, depois de escapar várias vezes por um triz, conseguiu sair de Tanna em segurança, mas perdeu todos os seus pertences a não ser a sua Bíblia e algumas traduções que havia feito para a língua da ilha durante seus quatro anos de luta.

De Tanna, Paton chegou a Nova Gales do Sul, Austrália, onde não conhecia ninguém. Entrou numa igreja, pleiteou para ser ouvido por alguns poucos minutos, falou-lhes com tanta eficácia que daquele momento em diante participou num ministério especial que lhe viria ocupar os quarenta e cinco anos restantes da sua longa vida.

Seu objetivo, que teve maravilhoso sucesso, foi providenciar missionários para cada uma das ilhas das Novas Hébrides e conseguir um navio para esse serviço missionário. Anos mais tarde, como resultado da sua personalidade extraordinária e poder de persuasão, o "Fundo de Missões John G. Paton" foi estabelecido em 1890 a fim de dar continuidade ao trabalho.

Voltando pela primeira vez à Escócia (1863-64), se casou novamente no dia 16/06/1864 com Margaret Whitecross. Junto com a sua nova esposa, e alguns missionários que tinha persuadido a ajuntaram-se a ele no trabalho, voltou ao pacífico no início de 1865. Depois de instalar os novos missionários em várias ilhas, Paton fixou residência na pequena ilha de Aniwa, onde permaneceu entre 1866 e 1881.

Quando chegaram a Aniwa, em novembro de 1866, observaram a miséria dos ilhéus. A situação foi muito semelhante àquela em Tanna: — As mesmas superstições, as mesmas crueldades canibalísticas e depravações, a mesma mentalidade bárbara, a mesma falta de impulso humanitário ou altruístico estavam em evidência.

Mesmo assim, continuaram seu trabalho missionário. Foi em Aniwa que seis dos seus dez filhos nasceram, quatro dos quais faleceram bem novos. Seu quarto filho, Frank Paton, que mais tarde se tornou missionário nas Novas Hébrides, foi um destes que nasceu em Aniwa.

Como já mencionamos, os nativos eram canibais e, às vezes, comiam a carne dos seus inimigos derrotados. Praticavam infanticídios e sacrifício de viúvas, matando as viúvas dos derrotados a fim de que pudessem servir aos seus maridos no outro mundo.

— O culto deles era inteiramente baseado no medo, cujo alvo era propiciar a atuação de espíritos do mal a fim de "evitar" calamidade ou "assegurar" vingança. Endeusavam seus caciques a ponto de quase todas as aldeias ou tribos terem seu "homem sagrado". Estes sacerdotes exerciam uma influência para o mal, e lhes era concedida a decisão sobre a vida ou a morte através das suas cerimônias sagradas. Também adoravam os espíritos de ancestrais e heróis por meio dos seus ídolos materiais de madeira e pedra. Temiam os espíritos e procuravam a sua ajuda para a guerra e paz, fome e fartura, saúde e doença, destruição e prosperidade, e vida e morte. Toda a sua adoração era de medo servil, e, até onde eu pude verificar, não tinham nenhuma noção de um Deus de misericórdia ou graça.

Paton admitiu que às vezes seu coração vacilou quando se questionava se aquelas pessoas poderiam ser levadas a entender os princípios cristãos na percepção espiritual das suas vidas. Todavia, animou-se ao ver o poder do Evangelho pelo fato de milhares em Aneitium terem vindo a Cristo. Assim que teve o domínio da língua nativa representou as palavras por meio da escrita.

Ele também construiu orfanatos. — Treinamos os jovens para Jesus. A Sra. Paton ensinou uma classe de mais ou menos cinqüenta mulheres e meninas. Tornaram-se competentes em costura, cântico, no entrelaçamento de chapéus e leitura. Eles treinaram professores, traduziram e imprimiram as Escrituras, ministraram aos doentes e aos que estavam morrendo, ministravam remédios todos os dias, e ensinaram o uso de ferramentas, etc. Realizavam reuniões de adoração todos os Dias do Senhor e enviavam professores nativos a todas as aldeias para pregar o Evangelho.

Nos quinze anos seguintes, John e Margaret Paton viram toda a ilha de Aniwa se converter a Cristo. Anos mais tarde ele escreveu: — Reivindiquei Aniwa para Jesus, e pela graça de Deus Aniwa agora adora aos pés do Salvador. Quando estava com 73 anos de idade e viajando através do mundo proclamando a causa de missões nos Mares do Sul, ainda estava ministrando ao seu povo querido Aniwano quando editou "O Novo Testamento na língua de Aniwa" em 1897. Mesmo até a hora da sua morte ele continuava traduzindo hinos, catecismos e criando um dicionário para o seu povo, mesmo quando não poderia mais estar com eles.

Foi durante uma visita à Escócia, em 1884, depois da sugestão do seu irmão caçula, Sr. James Paton, o missionário com relutância prometeu escrever sua autobiografia. James Paton (1843-1906), moldou os rascunhos do seu irmão para editar um livro.

Seus últimos anos foram passados em Melbourne. Margaret Whitecross Paton foi chamada ao lar celestial aos 64 anos, no dia 16/05/1905. John sobreviveu por dois anos e faleceu em 28/01/1907.

Hoje, 97 anos após a morte de John Paton, cerca de 85% da população de Vanuatu se identifica como sendo "cristã", talvez 21% da população seja evangélica. Os sacrifícios e legado dos missionários às Novas Hebrides são espetaculares e John G. Paton se destaca como sendo um dos maiores.

Os artigos da autobiografia que formaram esta série, podem ser acessados no site do tradutor: www.liriodovale.com

autor: James Jardine.