A Caminho do Apocalipse - 16

“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” 
Apocalipse 1:3

Capítulo 16

Chegamos ao 16° capítulo e nele contemplamos a chegada do dia da grande ira de Deus sobre a humanidade incrédula. João ouve uma grande voz vinda do Santuário de Deus dizendo aos sete anjos aparelhados para aquele terrível dia:“Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus” (v. 1). Que diferença brutal desse “ide” daquele que ouvimos do Senhor Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). Portanto, para uma verdadeira compreensão do texto sagrado há que se considerar as dispensações.

Absolutamente nada poderá impedir a chegada desse dia. O verbo está conjugado no modo imperativo afirmativo que expressa uma ordem de Deus que em nenhuma hipótese poderá deixar de ser cumprida. Aqueles que desprezaram e caçoaram do Evangelho que os pouparia da ira vindoura agora estarão debaixo de severa punição.

“Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas” (v. 2). O impacto da primeira taça será sobre todos aqueles que trouxerem em seus corpos a marca da “besta” e prestarem adoração a sua imagem, serão afligidos por terríveis tumores malignos na pele, a exemplo do que ocorrera no passado quando da sétima praga derramada sobre o Egito. Naquela ocasião, os magos do Faraó nada puderam fazer para aliviar o castigo enviado por Deus através de Moisés, porque foram gravemente atingidos pelos tumores: “havia tumores nos magos e em todos os egípcios” (Êxodo 9:11). O mesmo ocorreria caso o povo Deus não obedecesse aos Estatutos de Deus transmitidos por Moisés, seriam acometidos de úlceras malignas, as quais não poderiam ser curadas, desde a planta dos pés ao alto da cabeça (Deuteronômio 28:35).

“Derramou o segundo anjo a sua taça no mar, e este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar” (v. 3). Quando do juízo da segunda trombeta (Apocalipse 8:8-9), a “terça parte” da criação dos mares e as embarcações neles existentes serão destruídas, o que restar de vida marítima agora será completamente exterminado. Literalmente haverá um “mar de sangue” desde a orla até às profundezas dos oceanos.

Algo semelhante ocorrerá através do terceiro anjo: “Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue” (v. 4). Ao soar da terceira trombeta (Apocalipse 8:10-11) “um terço” das águas potáveis existentes sobre a Terra tornar-se-ão amargosas, agora “todas” se transformarão em sangue. A esta altura o reino das trevas começará a se sentir abalado. Assim como ocorrera com a primeira praga sobre o Egito, os egípcios sentiram nojo e não conseguiam beber a água do rio que se tornará em sangue. Naquela ocasião eles cavaram poços para encontrar água, pois da água do grande rio não puderam beber durante sete dias (Êxodo 7:14-25), mas agora isso não será possível, pois todas as “fontes das águas” estarão contaminadas pelo sangue.

Por certo, prezado leitor, essa enorme quantidade de sangue coagulado trará um odor insuportável sobre a Terra. Sem dúvida, a Ciência não terá explicações acerca dessa gravíssima ocorrência e a humanidade começará a desconfiar de que possa se tratar de um ato divino. Porém, isso será ainda o começo, pois coisas terríveis ainda estarão por vir.

Ao ver essas três primeiras revelações da “cólera de Deus”, João deveria estar estarrecido. Para seu alívio surge um pequeno intervalo e ele ouvirá mais vozes que darão explicações sobre o ocorrido: "Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso. Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos” (vs. 5 a 7). A esse respeito, diz R. David Jones: "Duas declarações serão feitas: (1) pelo anjo das águas, que os juízos do Santo são justos porque assim como essa humanidade havia derramado o sangue dos santos e dos profetas, Ele agora lhes haveria de dar sangue para beber; (2) e do altar confirmando a justiça do juízo do Senhor Deus Todo-Poderoso. A voz estará vindo provavelmente das almas dos mártires da tribulação, satisfeitas com a vingança de Deus (Apocalipse 6:9-11)”. Estes acontecimentos nos remetem ao cântico de Moisés: "A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo... porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar. Porque o Senhor fará justiça ao seu povo" (Deuteronômio 32:35-36).

"O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória" (vs. 8-9). Quando do juízo emanado pela quarta trombeta houve a redução de "um terço" do brilho de todo sistema estelar (Apocalipse 8:12-13). Ao derramamento desta quarta taça da ira de Deus, os dois terços restantes do brilho do sol produzirão uma insuportável radiação solar que trará gravíssimas consequências aos seres humanos blasfemadores. Eles reconhecerão que estarão sendo submetidos ao juízo de Deus, mas ainda assim não se arrependerão para Lhe dar a glória devida, ao contrário, amaldiçoarão a Deus pelo calor abrasador que os queimará. Consagrados profetas do passado previram isso: "Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão" (Isaías 24:6); "Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo" (Malaquias 4:1). Interessante o contraste citado por J. Allen nesta passagem: “A bênção física dos que entrarão no reino milenar estará em grande contraste com estes terríveis dias da Tribulação, quando será dito aos seguidores do Cordeiro: “nem cairá sobre eles o sol, nem calor algum”(Apocalipse 7:16). Imagine, caro leitor, as consequências que haverá sobre a Terra. Esse imenso calor por certo provocará o derretimento das calotas polares e as consequentes enchentes sobre a Terra trarão uma imensa devastação.

"Derramou o quinto anjo a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras" (vs. 10-11). O reino satânico estará sob intensas trevas! Cumprir-se-ão então as profecias dos antigos profetas: “O sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor... grande é o dia do Senhor, e mui terrível! Quem o poderá suportar?” (Joel 2:10-11); "Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas" (Sofonias 1:15). Será uma situação desesperadora tendo em vista que estarão sofrendo cruciantes dores pelas queimaduras solares e pelas chagas das úlceras que estarão a lancinar seus corpos feridos. A total ausência de luz exacerbará seus sofrimentos a ponto de morderem a própria língua diante de tamanho terror que estará ocupando as suas mentes. Apesar de tão grande angústia, eles não se arrependerão de suas más obras e das blasfêmias contra o Deus Todo-Poderoso. Com respeito a essa escuridão, vimos algo semelhante quando da nona praga sobre o Egito. Houve três dias de espessas trevas sobre toda terra egípcia e somente nas habitações do povo de Deus havia luz (Êxodo 10:21-23). Por inferência, assim como ocorrera no passado, o povo de Deus na época dessa terrível tribulação será poupado desses acontecimentos.

"Derramou o sexto anjo a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (vs. 12-14). Face aos acontecimentos ocorridos com os juízos das taças anteriores, o império satânico estará estremecido. A estiagem completa do Eufrates levará a trindade satânica a uma tresloucada atuação para arregimentar um imenso exército para “a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso”. É impressionante, caro leitor, como o diabo continuará mantendo a absurda ideia de que poderá vencer a Deus. Todavia, a sua ruína final será irrevogável.

Espíritos demoníacos serão lançados ao mundo inteiro para promoverem um grande estado de beligerância com o intuito de ajuntarem as nações para essa culminante batalha. O mundo estará combalido pelos acontecimentos descritos nas taças anteriores e será levado a crer que a única forma de se safar dessa horrível situação será o de entrar nesse imenso conflito contra Deus pelos juízos por Ele lançados sobre a humanidade rebelde.

Eis que surge um breve parêntese de grande alívio na visão de João: “Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha” (v. 15). Sem dúvida uma mensagem de grande alento para os fiéis que se recusarão a seguir a “besta”. Dentre estes estarão os judeus que escaparão da diabólica perseguição e se encontrarão refugiados conforme os ensinamentos dados pelo Senhor Jesus em Mateus 24. Quando atentarem para esse pavoroso ajuntamento militar eles perceberão que a vinda do Senhor Jesus deixou de ser iminente e passou a ser imediata. Para o povo de Deus à época será uma enorme bem-aventurança, mas para aqueles que não O esperam e nem desejam a Sua vinda, esse dia será inesperado como a chegada do ladrão.

“Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom. Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está!” (vs. 16-17). O local dessa batalha está determinado e é chamado de Armagedom. Muito se tem escrito a esse respeito para a identificação dessa localidade. Todavia, sabermos agora com extrema exatidão o local dessa grande hecatombe não deve fazer parte das nossas conjecturas. O que é mais relevante neste versículo é a expressão do sétimo anjo que derramará a sétima e última taça da ira de Deus: “Feito está!”. Essa exclamação nos leva à conclusão que a ira de Deus estará consumada, e a vinda do Senhor Jesus para derrotar as hostes malignas estará prestes a acontecer.

Esse último flagelo será tremendo: "E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande. E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira. Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados; também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande" (vs. 18-21). Haverá grandes cataclismos como nunca houve igual na história da humanidade. Diz-nos R. David Jones acerca dessa grande tragédia: “A última taça é derramada pelo ar, e o último ato da cólera de Deus nesta série é desfechado, resultando em catástrofes imensas: o maior terremoto de todos os tempos terá lugar, destruindo montanhas e ilhas, bem como as cidades das nações. A grande cidade, Jerusalém (Zacarias 14:4 e Apocalipse 11:8), será dividida em três partes, e Babilônia será destruída debaixo do furor de Deus (veremos isto nos capítulos seguintes). A terra será bombardeada com granizo de pedras que pesarão entre 20 e 50 quilos cada uma”. Sobremodo lamentável que diante de tão grande flagelo em vez de se arrependerem eles preferirão manifestar o intenso ódio que têm de Deus.

A Terra será totalmente abalada pelo Deus Todo-Poderoso. Essas ocorrências foram claramente previstas desde a antiguidade e ninguém poderá alegar ignorância: "Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: “Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca" (Ageu 2:6); "A terra será de todo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra violentamente se moverá. A terra cambaleará como um bêbado e balanceará como rede de dormir” (Isaías 24:19-21). Quanto ao flagelo da chuva de pedras, faz-nos lembrar do ocorrido com a sétima praga sobre o Egito. Grande foi o estrago sobre os egípcios, animais, árvores e plantações, mas os filhos de Israel foram poupados dessa angústia (Êxodo 9:23-26).

Que diremos, pois, diante de tão grandes catástrofes? Pessoalmente louvo ao bendito Deus que desde já me livra da ira que está por vir sobre um mundo tenebroso que estará sob o domínio de uma turba maligna, e assim será feito a todo aquele que receber o Senhor Jesus como Redentor (1 Tessalonicenses 1:10). Bem haja, caro leitor, que esta seja a sua fé. Permita Deus que assim seja!

 

autor: José Carlos Jacintho de Campos.