A fachada religiosa

Isaías 1:1–20

Tiago foi enfático ao declarar que a fé sem obras é morta, é inativa, inoperante, infrutífera e inerte, é como um cadáver. A fé cristã não consiste só em professar, mas, sim, também, em praticar. Alguém observou que a fé e as obras são como a luz e o calor que irradiam duma vela acesa; não é possível separá-las. Foi Augustus M. Toplady quem disse: “Se Deus dá-te fé como a que deu a Paulo, logo te dará o poder para praticar as obras exigidas por Tiago”. Thomas Manton comentou: “A fé não é uma verdade ociosa”.

Uma das coisas que despertam o ódio de Deus é a hipocrisia (Mc 12.15; Lc 6.42; 12.1; 13.15). Na verdade, a hipocrisia, isto é, o fato de não ser uma coisa nem outra, nem quente, nem frio, faz com que Deus vomite (Ap 3.16). Deus quer que sejamos crentes genuínos.

Isaías foi enviado da parte de Deus para denunciar a corrupção, o formalismo e a hipocrisia que reinavam entre o povo de Deus. A sua mensagem foi dirigida a um povo – Judá (1.1) e a um país, cuja capital era Jerusalém (1.1). Porém, a mesma mensagem serve para nós, no Brasil ou em qualquer outra nação. Convém que reconheçamos a importância do recado, pois vem do trono de Deus – “porque o Senhor é Quem fala” (1.2).

A culpa da péssima condição moral e espiritual de Judá não poderia ser atribuída a Deus. Deus não é infiel, hipócrita e nem instável. Judá acusou Deus de abandonar a nação, mas Ele comprova a falsidade daquela acusação. Naqueles dias, o homem era obrigado a dar uma carta de divórcio à esposa a quem fosse repudiar. Judá era incapaz de apresentar uma carta de divórcio (Is 50.1), fato este que declara a inocência de Deus, comprovando que não foi Ele Quem deixou a nação, mas foi a nação que O abandonou. Deus é verdadeiro e a Sua fidelidade à nação de Judá era inquestionável.

Logo no início desta profecia Deus declara e prova o Seu carinho e cuidado. Judá era como um filho (1.2). A nação de Israel era a menor de todas as nações, contudo Deus a escolhera para ser o objeto especial do Seu amor e atenções, e o repositório das Suas leis.

1. UM PRONUNCIAMENTO DELATOR — vv. 1-2.

Deus fez de Judá uma grande nação, tanto numérica, quanto política e economicamente. Era como um filho de Deus (Êx 4.22-23; Dt 32.20), mas tornou-se um filho infiel e rebelde (Dt 32.20). Deus acusou-os de serem:

Insensíveis – v. 5. Embora castigado e disciplinado por Deus, o povo de Judá continuou rebelde, indiferente e insensível à Sua voz. Os muitos açoites não surtiram efeito. Deus, como Pai, não tinha prazer em afligir os filhos, porém, a apatia, frieza, inércia e descaso do Seu povo, aumentaram a Sua tristeza.

Ingratos – v. 2. Judá estava a cuspir no prato em que comeu, pois revoltou-se contra o Senhor, desprezou os Seus benefícios.

Como crentes, precisamos ficar por muito tempo perante o espelho da Palavra. Como é fácil censurarmos Judá e sermos culpados das mesmas deficiências. A Palavra de Deus deixou de ser o Guia infalível da maioria dos crentes. Somos deficientes auditivos, ou, talvez, seja o caso de sermos duros de ouvidos. Somos ingratos, como os nove leprosos, não voltamos para agradecer a Deus. Seria bom se dedicássemos alguns momentos para soliloquiar, manter monólogos com a nossa própria alma: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não te esqueças de nem um só de Seus benefícios” (Sl 103.2). Sim, devemos preencher grande parte do dia em louvar a Deus pela saúde, família, lar, sustento, emprego, amigos, irmãos em Cristo, a salvação, a nossa herança espiritual.

2. UM PECADO DENUNCIADO — v. 3

Em muitas coisas a criação de Deus é mais inteligente, mais grata e confia mais nEle do que nós, seres humanos. O boi reconhece o seu dono e o jumento (símbolo de burrice e obstinação) conhece a manjedoura do seu proprietário, volta para lá para se alimentar e descansar, porém, o próprio povo de Deus nada sabe dEle, não se importa com Ele. Notemos algumas expressões importantes usadas por Deus com referência ao relacionamento do Seu povo com Ele:

“Meu povo”- Que privilégio pertencermos ao Senhor, sermos a Sua propriedade exclusiva, rebanho, noiva, corpo, santuário! Somos a Sua nova criação, Ele é o Oleiro divino, mas, lamentavelmente, não descansamos nas Suas mãos onipotentes para que Ele nos molde segundo o Seu querer.

Talvez não empreguemos as palavras, mas pelo nosso comportamento negamos o nosso relacionamento com Cristo. Negamos a nossa associação com o Senhor. A exemplo de Pedro, estamos a dizer: “Não O conheço” (Mc 14.68). Naquela ocasião o galo cantou; ele não se recusou a confessar que pertencia a Deus, ele obedeceu às ordens do seu Criador. Se fôssemos atentos ouviríamos a voz do galo como uma voz de alerta, estimulando-nos à vigilância, mas ao contrário disto, fechamos os nossos ouvidos e vivemos divorciados do Senhor. Ele não reina em nós, nas igrejas locais, não faz parte integrante do nosso dia-a-dia, das nossas decisões cotidianas.

“Possuidor” e “Dono” - Os dois termos não são sinônimos. “Possuidor” tem um leque de sentidos que inclui “criador”, “comprar”, “redimir” e até “provocar ciúmes”. Jesus Cristo é o nosso Criador, foi Ele Quem deu a vida para nos possuir e remir. Fomos comprados por bom preço. Somos duas vezes do Senhor: a primeira vez pela criação e, a segunda vez, pela redenção. Isto significa que não nos pertencemos a nós mesmos, mas, sim, ao nosso Possuidor. Poucos crentes reconhecem o direito do Senhor de reger as suas vidas. “Dono” comunica o pensamento de “senhor”, “mestre” ou “marido”. Nisto temos a idéia de liderança, de autoridade suprema, do ato de governar.

Quantas vezes provocamos o nosso Senhor a ciúmes, pois, como Judá, temos transferido o nosso amor para outros, ajoelhamo-nos perante o altar de outros deuses, tais como: o comércio, o progresso material, o sexo, o estudo, a profissão, a busca frenética de riquezas; curvamo-nos perante o altar do nosso ego, do nosso sucesso, da nossa politicagem religiosa. Somos como os atenienses, temos construído muitos altares aos deuses do século 21, inclusive ao deus desconhecido. Sim, temos abandonado o nosso primeiro amor, Jesus Cristo não é o Senhor absoluto e singular do nosso ser, mas, é apenas um entre muitos.

É lamentável que, nesta época avançada, tenhamos um conhecimento tão limitado e fragmentário dAquele que é o nosso Senhor. A noiva de Cantares de Salomão era capaz de descrever em detalhes a beleza do seu noivo, mas, infelizmente, a noiva de Cristo não tem a mesma habilidade, pois, como Israel, não tem conhecimento, não entende (Fp 3.10).

 


 

 


3. UM POVO DOENTE — vv. 4–6.

Nestes versículos, o Espírito Santo revela três coisas a respeito da nação de Judá, ou sejam: O seu caráter, a sua condição e a sua conduta.

a) O SEU CARÁTER (v. 14a) - As palavras do Senhor eram duras, a Sua denúncia, severa. Ele não rodeou o assunto, não tentou pintar um quadro bonito, não tentou esconder a podridão da nação, mas foi direto ao assunto, atacou a jugular de Judá e deixou-a exposta e nua na presença de todos. A descrição não é nada agradável, é chocante e arrepiante.

“Nação pecaminosa, ou pecadora” - Deus escolheu a nação de Israel para que fosse santa (Ex 19.6), mas ela tornou-se ímpia e impura. O verniz de algumas igrejas é débil e superficial e não serve para esconder a desonestidade, a podridão, o pecado. Somos como os fariseus, não passamos de sepulcros caiados.

“Povo carregado de iniqüidade” - “A culpa do povo de Israel é tão grande que eles andam curvados com o peso de iniqüidade” (B.V). O Senhor cumulou o povo de bênçãos: “Bendito seja o Senhor que, dia a dia, nos carrega com benefícios” (Sl 68.19, Versão Britânica). É preferível ser um povo carregado com as bênçãos divinas do que ser um povo carregado de iniqüidade. Não estranhamos ao ver as pessoas sem Cristo “sobrecarregadas” de iniqüidade (Mt 11.28), mas ver o povo de Deus a carregar voluntariamente o peso do pecado é algo que aflige o coração do Senhor e traz tristeza à liderança espiritual da igreja.

“Raça de malignos ou malfeitores” - A palavra “raça” tem a ver com “fruto”, “planta”, “posteridade”. Israel era como uma vinha plantada pelo Senhor, e de quem o Senhor esperava uvas boas, mas produziu uvas bravas (Is 5.1-2). O povo de Deus tornou-se uma raça de malfeitores. O vocábulo “malfeitor” transmite a idéia de “estragar por quebrar em pedaços”. O povo estragou a nação por quebrar as leis de Deus. Quem se desvia dos caminhos do Senhor torna-se um malfeitor, “um inútil”, “um que não presta”. A nossa desobediência torna-nos inúteis, pessoas que não prestam para o serviço de Deus.

“Filhos corruptores, ou dados à corrupção” - Em vez de serem filhos de Deus e revelarem a Sua natureza e o Seu caráter, eles tornaram-se filhos dados à corrupção e chegaram a perverter outras pessoas. É sério para o crente viver em pecado, mas é seriíssimo quando leva outros a praticar o erro. O termo tem uma ligação com “arruinar”, “jogar fora”, “perder”, “estragar” e “tornar totalmente debilitado”. Uma vida de corrupção e que influencia outros a se corromperem é uma vida perdida, estragada, arruinada e totalmente debilitada. Que cena que inspira dó!

b) A SUA CONDIÇÃO (vv. 5b–6) - Quando a noiva foi convidada a descrever o amado, ela começou a falar da cabeça e depois dos olhos, das faces, dos lábios, das mãos, das pernas e dos pés. Ela só achou beleza e perfeição (Ct 5.10-16). Ao contemplar Judá, Deus viu uma nação cancerosa, na qual foi incapaz de ver uma só parte que não fosse doente e estivesse a emitir um horrível cheiro. Desde a planta do pé até a cabeça, a nação apresentava sinais de estar doente. O pecado e a corrupção penetraram todas as camadas da sociedade e todas as áreas da nação. O Espírito Santo emprega palavras dignas da nossa atenção.

“Feridas” ou “machucados” - A raiz da palavra é “racha, fenda ou divisão”. As rachas e as divisões que existem nas igrejas locais não são virtudes e nem medalhas, mas aos olhos do Senhor são como feridas. Os fatos comprovam que 99% das divisões que já ocorreram, não aconteceram por divergências doutrinárias, mas por causa de inveja, lutas pelo poder, choque de personalidades, orgulho ferido ou por coisas que não têm respaldo na Palavra de Deus ou para as quais não temos diretrizes claras da parte do Senhor.

“Contusões” ou “vergões” - São marcas deixadas na pele por chicotadas que ferem e que deixam o corpo coberto de manchas roxas. Os pretores mandaram açoitar Paulo e Silas, mas o carcereiro convertido, lavou-lhes os vergões dos açoites. Alguns líderes e ministrantes da Palavra são como os pretores de Filipos. Quantos irmãos carregam os vergões dos açoites! Muitas vezes os próprios crentes agem como o endemoninhado e se autoflagelam. A sua obstinação traz conseqüências que são infligidas por eles mesmos.

“Chagas inflamadas” ou “Ferimentos abertos” - A palavra é “carnificina” ou “pestilência”. O vocábulo, além de comunicar a idéia de “pingar”, “úmido” e “purulento”, também, indica que os ferimentos eram recentes. A história da Igreja apresenta muitos exemplos das conseqüências daquilo que acontece quando desrespeitamos o Senhor e a Sua Palavra, porém, as igrejas de hoje continuam a praticar os mesmos erros. A história recente proporciona evidências de que muitas igrejas apresentam chagas inflamadas, sinais de brigas travadas e crueldade implacável.

O Senhor Deus lamentou que nenhuma tentativa estava a ser feita para contornar a situação. As feridas não foram:

“Espremidas” - Esta palavra realmente quer dizer “fechar”, “apertar”, “juntar”. Quantas feridas entre irmãos são deixadas abertas, não há nenhum esforço para tratar e fechar as feridas, juntar ou aproximar os lados opostos. Em muitos casos, alguns procuram inflamar e piorar a situação.

“Atadas” - “Envolver”, “embrulhar”, “deitar em volta”. O mundo lá fora tem conhecimento dos males que afligem as igrejas locais, das coisas vergonhosas que acontecem no meio do povo. Não está na hora de procurarmos o Médico divino para que Ele feche as feridas, sare os males e as cubra com a Sua graça?

“Amolecidas” - Quanta dureza, resistência, intransigência existem no coração dos crentes. Não há aquela disposição ou humildade necessárias para resolver as questões. Azeite é um símbolo do Espírito Santo e é a operação do Espírito que torna o coração mole e terno, compassivo e tratável. É Ele que dá a cada um a humildade para admitir a culpa ou para perdoar.

c) A SUA CONDUTA (v. 4b) - Jeová acusou a nação de 3 atitudes feias e repugnantes.

“Abandonar o Senhor” - O Senhor prometeu a Sua presença constante: “Porque o Senhor, o vosso Deus, é Quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará”. (Dt 31.6). Mas Judá abandonou o Senhor. Como crentes é possível que façamos a mesma asneira. Tal atitude é pura loucura, pois o Senhor é a Fonte de todas as bênçãos.

“Blasfemar do Santo de Israel” - Blasfemar inclui a idéia de “desprezar, zombar, rir-se de e fazer pouco caso de”. Como é que Judá teve a coragem de adotar esta postura? Como é que nós, crentes, temos a ousadia de pecar onde Judá pecou? Conhecemos a Palavra de Deus, as Suas exigências, mas fazemos pouco caso delas e rimos no rosto do Senhor.

“Voltar para trás” - Israel deixou o Egito, mas o Egito não deixou de ocupar um lugar no coração de muitos israelitas. Como poderia desejar voltar para a tirania de Faraó, a crueldade dos exatores, a condição de escravos? Não é possível que um verdadeiro convertido, após provar as iguarias da mesa divina, o amor do Pai, o aconchego da família de Deus, a riqueza e a plenitude da herança dos filhos de Deus, possa desejar voltar para o sistema onde o diabo reina, onde existem as trevas, a escravidão do pecado e dos vícios. Porém, isso acontece com freqüência!

 


4. UMA PRÁTICA DEPLORÁVEL - vv. 7-15

O profeta descreve:

a) O CUIDADO DO SENHOR (v. 7) - A nação de Israel era próspera, rica e abençoada, e isto, sem dúvida, servia como prova do zelo de Jeová.

b) O CARINHO DO SENHOR (v. 8) - “A Filha de Sião”. Este termo mostra o amor intenso de Deus para com Jerusalém, o lugar onde pusera o Seu Nome. A igreja local pode se degenerar, mas o Senhor a ama com um amor eterno e fará tudo para trazê-la de volta.

c) O CASTIGO DO SENHOR (v. 9) - A nação que fora símbolo de grandeza, cujo poder era conhecido no mundo inteiro, tornou-se como uma tenda numa vinha, como abrigo (ou como um Judas) numa plantação de melões, como uma cidade sitiada. A glória foi-se.

d) A COMPAIXÃO DO SENHOR (v. 9) - A mão do Senhor tentou impedir o fracasso total da nação, porém, não conseguiu impedir a degeneração de Judá, pois, no verso 10, Deus assemelhou Judá a Sodoma e Gomorra. Quais eram os pecados de Sodoma? Veja Ezequiel 16.49-50. O Povo de Deus desceu ao abismo do pecado, tornou-se tão nojento como Sodoma.

Não obstante a tudo isto, o povo continuou a freqüen­tar o Templo, a observar as Festas Fixas e a ofertar a Deus. Que hipo­crisia! Que farsa! Nestes versículos vemos:
■“Uma religião oca” - Eles abandonaram o Senhor, mas não abandonaram o Templo. Os seus corações estavam doentes, tinham muitos proble­mas “cardíacos”, mas não se ausentaram da Casa de Deus. Marca­vam presença nas Festas do Senhor, mas levantavam mãos man­cha­das de sangue. Há certas condições que Deus exige das pessoas que queiram aproximar-se da Sua presença (veja Sl 24.1-5; Is 52.11). É possível estar presente em todas as reuniões da igreja local e, ao mesmo tempo, deixar para trás um rastro de problemas na vizi­nhan­ça, no comércio e na família. É possível adorar e, ao mesmo tempo, ter ódio dum irmão ou duma irmã, ou pregar e estar brigado com a esposa, ter atritos com os filhos. O Senhor chamou o Templo “a Minha casa” (Mt 21.13), mas mais tarde, chamou-o “a vossa casa” (Lc 13.35). O Templo deixou de ser a Casa de Deus e tornou-se a casa dos judeus. A Igreja é a Casa de Deus, mas pode degenerar-se a ponto de tornar-se a nossa casa.
■“Ritos vazios” - Deus determinou que o Seu povo observasse as Festas Fixas ou as Festas de Jeová. O Senhor Jesus chamou tais festas “as Festas dos judeus” (Jo 5.1). O Senhor Jesus instituiu a Ceia do Senhor, a ocasião quando recordamos a Sua Pessoa e participamos do pão e do cá­li­­ce, símbolos do Seu corpo e sangue. Mas mesmo uma ocasião tão sublime, uma celebração tão singela, pode degenerar-se a ponto de não ser mais a Ceia do Senhor (1 Co 11.20). A igreja em Corinto celebrava a Ceia, mas havia divisões entre eles, muitos estavam presentes, mas não participavam dos emblemas com discernimento e outros tomavam parte no estado de embriaguez. É possível ter os emblemas na mesa, cantar hinos, dizer amém, adorar e não celebrar a Ceia do Senhor. Se houver divisões, facções, brigas, ressentimento, um espírito que não quer perdoar, se a nossa casa ou lar não conhecer paz, se houver pecado não confessado em nossas vidas, a Ceia do Senhor perderá o seu valor.
■ “Reverência fingida” - Eles levantavam as mãos ao céu como se desejassem ter comunhão com o Senhor, como se as mãos fossem puras. Não passava duma frente, duma fachada, duma cortina de fumaça, tudo “para inglês ver”. As mãos estavam cheias de sangue e não o sangue de animais, mas, sim, sangue humano, dos profetas, de seus compa­triotas. Não adianta defender os princípios bíblicos, servir ao Senhor se as nossas mãos estão cheias de sangue. No meio cristão são comuns os assassinatos — assassinatos de caráter, do bom nome de queridos irmãos. Bastam uns boatos, notícias falsas para acabar com o ministério de alguns. Se não concordar com alguns, mesmo em pontos que não têm ordem específica de Deus, as podadeiras e navalhas aparecem para cortar. Palavras severas, grosseiras, ofensivas e desvairadas podem ferir mais que facas e machados. A fachada religiosa não engana a Deus e não cola com Ele. Deus vê atrás do exterior e, como no caso de Judá, Ele vê a camu­flagem, a injustiça, o suborno, o interesse financeiro, o desprezo dos órfãos e das viúvas, o verdadeiro estado do coração. Deus vê a falsi­dade, as mentiras, a desonestidade e a corrupção, pois Ele é onisciente e anda no meio das igrejas. Deus instituiu as Festas de Jeová e ordenou que o povo trouxesse ofertas. Não havia nada errado em estar no Templo, em trazer ofertas ao Senhor e, nem tampouco, em celebrar as Festas de Jeová. O que estava errado era o povo e a sua condição moral e espiritual. Como crentes e membros da igreja local, é imperativo que estejamos nas reuniões da igreja, mas, também, devemos ter o má­xi­mo de zelo em chegarmos à presença do Senhor com consciência pura e vida limpa.
■ “Rezas repugnantes” - O povo estava a oferecer orações decoradas e não estava a louvar o Nome do Senhor com a mente, com o entendimento e com o espírito. Muitas orações e grande parte da adoração que ouvimos são trivialidades ditas com um ar um tanto solene, frases banais, senti­mentos vazios, palavras ocas. O Espírito do Senhor precisa soprar para que os nossos hinos sejam expressões reais do coração e para que a nossa adoração, orações e a nossa comunhão com o Senhor sejam profundas, sinceras, do coração, espontâneas e que agradem a Deus, como aroma suave e não como carne estragada que cheira mal. A nossa doutrina pode ser clara como o cristal e, ao mesmo tempo, as nossas vidas podem ser como as águas fétidas dum pantanal.


5. UM PODER DISTINTO — vv. 16–18

Não havia necessidade de Judá continuar a viver esta vida degenerada e desgraçada. Três passos para a recuperação eram necessários:

a) Arrepender-se (v. 16) - Aqui temos o primeiro passo – o reconhecimento do seu estado e a disposição de virar as costas ao pecado e voltar-se novamente para Deus.

b) Aprender (v. 17) - O segundo passo é positivo e é aprender a fazer o bem, a ser honesto e a ajudar os carentes. Esta é a evidência da religião autêntica (Tg.1.22-27).

c) Atender (v. 18) - As manchas do pecado eram fundas e feias, mas Deus tinha o poder de removê-las.

Há poder no sangue do Senhor Jesus e se nós fizermos a nossa parte, isto é, confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para cumprir a Sua parte (1Jo.1.9).

6. UMA PROMESSA DIVINA — vv. 19–20

Deus quer abençoar o Seu povo mas, para isto, exige certos passos e condições:

a) Submissão (v. 19a) - “Se estiverem dispostos a obedecer” (NVI). Muitos acham que uma vida totalmente entregue ao Senhor e sob o Seu domínio é uma maçada, puro tédio, é como viajar de segunda classe, mas não é.

b) Sofrimento (v. 20) - Cada crente tem o direito de viver a vida que quer, uma vida que seja egoísta, materialista, que vise unicamente o presente, ou pode investir nos valores eternos. Pode continuar a viver atrás da fachada de hipocrisia ou na luz de Deus. O crente que vive para si e para o presente sofrerá prejuízos agora e na eternidade. O crente que vive para o Senhor terá o eterno galardão. Foi “a boca do Senhor” que o disse. A escolha é nossa

 

autor: Walter Alexander.