A História da Criação (9)

 

Da versão original Creation´s Story
Publicada pela John Ritchie Ltd., Escócia
Versão em português autorizada pela Editora A Verdade
www.editoraverdade.com.br

CAPÍTULO 9

O DILÚVIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A cheia mundial descrita em Gênesis 6 a 8 tem de ser tomada em conta quando existe uma tentativa de entender e interpretar a história passada da Terra e o seu estado presente. Quando pensamos sobre o dilúvio, por boas razões, temos a tendência de focar no seu lado espiritual, as suas causas e os seus efeitos, e a bela mensagem de salvação do julgamento na arca que Deus providenciou. Mas, na Escritura, existem algumas alusões aos efeitos físicos que ele causou na face da Terra, efeitos que a geologia testemunha muito claramente. O mundo tornou-se um lugar muito diferente depois do dilúvio, em relação ao que antes era. É exatamente isso que lemos em 2 Pedro 3:6-7, como notamos anteriormente.

O dilúvio foi um imenso cataclismo, de dimensões que mal podemos imaginar, uma mudança dramática em relação às condições que antes prevaleciam na Terra. Os processos de criação acabaram juntamente com as palavras de Gênesis 2:1-3. Deus disse que a criação era muito boa. Mas, o pecado entrou, a deterioração começou, trazendo com ela todos os processos que ainda hoje continuam e que, progressiva e inexoravelmente, irão levar à decadência e à morte. Estes são os processos controlados pelas leis naturais, que já consideramos. Então, por razões bastante conhecidas, as quais Ele explicou antes de o dilúvio acontecer, Deus, no Seu soberano poder, impôs sobre essas leis esse grande dilúvio, usando os materiais e as forças já presentes e latentes na Terra e nos arredores desde os dias da criação. Isso nunca antes tinha acontecido, e nunca acontecerá outra vez, testemunhe a promessa de Deus cada vez que você olhar para a beleza pura de um arco-íris! (Gênesis 9:12-16).

Mudanças

As mudanças causadas pelo dilúvio são numerosas e de grande alcance. O mundo nunca mais seria o mesmo. Essas mudanças afetaram a humanidade e as gerações subsequentes, o tipo de ambiente em que eles iriam viver, e a estrutura física da superfície da Terra que seria apenas explorada detalhadamente e em profundidade milhares de anos depois.

Em relação à humanidade, depois do dilúvio, a raça humana se dividiu em três ramos, que são reconhecidos até hoje pelo mundo. Ainda que a Bíblia nos trace de volta a Adão, pelo pecado original que foi passado para todos nós, etnicamente cada um de nós tem uma árvore genealógica que data até a um dos filhos de Noé. Estudos de marcador genético modernos confirmam isso. De Sem vieram Abraão e as nações judaicas e árabes; de Jafé veio a vasta distribuição de nações gentis espalhadas pelas mais distantes partes da Terra; de Cam vieram aquelas nações que encontraram morada no continente africano. Mas, para todos eles, o Evangelho da graça de Deus foi dispensado sem distinção ou favorecimento - todo aquele que quiser pode aproveitar. Isso foi visto até mesmo no princípio da propagação do Evangelho quando, em Atos 8, um sedento filho de Cam ouve sobre o Salvador no deserto de Gaza e obtém graça, em Atos 9, um endurecido e rebelde filho de Sem recebe misericórdia na estrada de Damasco e, em Atos 10, um devoto filho de Jafé encontra paz por meio de Jesus Cristo, que é Senhor de todos.

Outra mudança que afetou o homem foi a extensão da sua vida. Antes do dilúvio, o tempo de vida normal eram centenas de anos, de acordo com Gênesis 5, mas aqueles nascidos depois do dilúvio tiveram os anos de sua vida diminuídos para cem ou duzentos anos (ver Gênesis 11:10-26), até ao fim de Gênesis e até no resto do Antigo Testamento, poucas pessoas viveram depois dos cem anos. "Setenta anos ou, em havendo vigor, oitenta" (Salmos 90:10) rapidamente tornou-se a norma no mundo inteiro, e ainda o é. Vamos ver em breve uma possível razão para isso.

Contrastes Climáticos

Quando veio o dilúvio, uma verdadeiramente vasta quantidade de água caiu dos céus sobre a Terra por quarenta dias e quarenta noites sem interrupção, além da subida das águas debaixo da superfície da Terra. Ambos estes fenômenos eram totalmente inauditos, libertados por Deus pela "sua obra estranha" de julgamento (Isaías 28:21), pois Ele Se deleita na misericórdia. As águas que Deus tinha posto "sobre o firmamento" no segundo dia da criação, para proteção, foram agora usadas para destruição, conforme inundaram e alagaram a Terra.

Pensa-se que a chuva era algo desconhecido antes do dilúvio; o crescimento das plantas e outras necessidades hídricas eram providenciados por uma "névoa" cíclica, que se levantava da face da Terra pelo calor do Sol e possivelmente retornava todas as noites (ver Gênesis 2:5-6). Ainda mais, aquela grande quantidade de água que estava sobre a atmosfera aérea (firmamento) estaria num estado vaporoso, circundando o globo com uma espessura considerável. Este manto, ou camada de vapor de água, teria um importante efeito no clima da Terra e no bem-estar de cada um dos seus habitantes. Primeiramente, isso teria um "efeito estufa", prevenindo o extremo frio ou calor na Terra, para que um clima uniforme temperado ou subtropical pudesse estar presente por todo o mundo, oferecendo condições para o crescimento luxuriante da vegetação e a sobrevivência dos animais e do homem. Em segundo lugar, ele iria filtrar a maioria dos raios cósmicos nocivos que bombardeiam o planeta continuamente, e também muita da nociva radiação ultravioleta, protegendo tudo destas partículas e destes raios, conhecidos por causarem danos ao tecido vivo e provocarem doenças e envelhecimento.

Então, nos tempos antediluvianos, embora a paz e a beleza do Éden já não mais existissem, as condições climáticas eram benignas, ideais para a vida e para o crescimento. Não é de admirar então que as pessoas vivessem por tanto tempo e tivessem numerosos filhos durante a sua vida. Adicionalmente, a vida animal e vegetal podia vicejar, ao ponto que enormes animais, por exemplo, mamutes e dinossauros em toda a sua variedade, pudessem existir por todo o mundo, e enormes florestas, pradarias e pântanos de imensa variedade e densidade seriam normais, com enormes espécimes neles. Posteriormente, quando enterrado e compactado durante o dilúvio, toda essa vegetação se tornaria nas grandes minas de carvão do mundo e, por outros mecanismos, envolvendo organismos diferentes, se tornaria em vastos campos de petróleo também. Iremos considerar os fósseis com mais detalhes posteriormente, mas, obviamente, tudo isso se encaixa.

Depois do dilúvio, tudo se tornou diferente ao redor do globo. Sem o escudo do alto dossel de vapor de água, as temperaturas extremas e as estações contrastantes se tornariam comuns (ver Gênesis 8:22, as primeiras referências na Bíblia relativamente a verão e inverno, frio e calor). Com a secagem das águas, poderosos ventos assopraram (Gênesis 8:1), as águas da superfície congelariam, lençóis de gelo se formariam e deixariam a sua marca na paisagem conforme se movessem e derretessem. A espécie humana enfrentaria um novo conjunto de dificuldades que teriam efeitos de longo alcance. E muitas espécies de plantas e animais que anteriormente teriam sido comuns já não poderiam existir, incapazes de se adaptarem ao ambiente alterado, exceto por alguns que encontraram um nicho onde conseguiram sobreviver. Aqui é que "a sobrevivência do mais forte" seria realmente aplicável, e é principalmente a razão de dinossauros e gigantes similares se tornarem extintos.

Datação Radiocarbônica

Há quanto tempo tudo isso aconteceu não se tem a certeza, embora os registros das Escrituras sugiram que foi por volta de 3000 a.C. No entanto, existe um método chamado de datação por radiocarbono que tem fornecido datas para certos artefatos muito anteriores a isso, até mesmo por volta de 10.000 a.C. Isso funciona da seguinte maneira.

Quando, por exemplo, uma árvore a crescer absorve dióxido de carbono da atmosfera, nele existe uma pequena quantidade de carbono radioativo chamado carbono 14, que declina estavelmente (reduzindo a sua quantidade) depois que a madeira é cortada. Ao medir a pequena quantidade de carbono 14 que existe num espécime no presente e comparar isso com a quantidade que havia na madeira quando ela estava crescendo, a idade do espécime pode ser calculada, porque a taxa do declínio é conhecida (a "meia-vida" é de 5730 anos). O pressuposto fundamental no cálculo é que a quantidade de carbono 14 absorvida na madeira enquanto ela crescia, há muito tempo, é a mesma que hoje é absorvida.

Isso é muito improvável, pois o carbono 14 é produzido na atmosfera superior por raios cósmicos colidindo com átomos de nitrogênio. A intensidade desses raios cósmicos muda até mesmo durante centenas de anos, mas, milhares de anos atrás, nas condições antediluvianas, o dossel de vapor espesso iria adicionalmente filtrar a maioria deles. Assim, bem menos carbono 14 seria produzido para penetrar na madeira a crescer, e proporcionalmente muito menos teria restado nos espécimes agora encontrados. Sendo assim, se datado por este método, todas as amostras da era do dilúvio irão parecer muito mais antigas do que elas realmente são. Portanto, é duvidosa uma datação de radiocarbono mais antiga do que 5.000 anos, e muitas autoridades reconhecem isso. Nós reconhecemos a fiabilidade dos relatos da Bíblia.

autor: Bert Cargill.