A vida é bela

"Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ações de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus" Filipenses 4:4-7 (NVI)

Em 2007 partiu desta vida um renomado representante da dramaturgia brasileira. Enquanto artista, seu talento era inquestionável, porém o seu último pronunciamento foi algo de grande decepção para aqueles que tanto o admiravam. Ele deixou revelado que passou por esta vida sem de fato conhecê-la.

Nele não havia esperança. Ao final dos seus dias ele chegou à infeliz conclusão que se não houvesse a morte a vida seria muito chata, que viver eternamente seria um tédio e com a chegada da morte tudo se acaba, exatamente como ocorre com qualquer bichinho. Aquilo que seria uma estrondosa derrota - a morte - para ele significava uma vitória. Que terrível desvario em se pensar dessa forma. Se a nossa esperança se limitasse apenas a esta vida seríamos as mais infelizes das criaturas (1 Coríntios 15:19).

Para aqueles que vivem esta vida sem nenhuma expectativa de um porvir glorioso, seus dias finais são de total abatimento. Nesses momentos se acentua a solidão, o vale da angústia parece se alongar em uma senda infinda, o poço do desânimo e das frustrações aparenta ser sem fundo e, como vimos nesse depoimento, não será a boa-fama, no monturo que este mundo nos oferece, que as soluções serão encontradas.

Diz o pregador que nada há de novo debaixo do sol a não ser a eterna mesmice. Ele percebera que debaixo do sol os velozes nem sempre venciam a corrida; os fortes nem sempre triunfavam na disputa; os sábios nem sempre tinham comida; os prudentes nem sempre eram ricos; os instruídos nem sempre tinham prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos. Ele desejava saber se algo debaixo do céu valia a pena ao longo dos poucos dias da vida humana aqui. Após ter visto e ouvido a tudo debaixo do sol, sua conclusão é irrefutável: "Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos ... pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau" (Eclesiastes 12:13,14). Por mais paradoxal que possa parecer verdadeiramente a vida é bela. Ela é bela quando se tem a certeza que existe algo demasiadamente importante "acima do sol", o Senhor nosso Deus.

Como lemos no texto introdutório, a vida é alegre, portanto bela, porque "perto está o Senhor". Não podemos permitir que sejamos levados pelo bel-prazer desta vida, segundo as veredas largas deste mundo sem Deus, pois aí a vida será de angústias e aflições tendo em vista que em uma vida de licenciosidade o Senhor estará distante.

Muitos se frustram ao pensar que o Senhor garante aos Seus uma vida sem dor e lágrimas; sorrisos sem sofrimento; dias de sol sem chuvas. De fato, o que Ele promete é a força necessária para cada dia, conforto para as lágrimas e luz para o nosso caminhar. Vence aquele que não teme o fracasso, que tem plena convicção do porvir. Para que o cansaço existencial não nos afete devemos lembrar, sempre, que já somos vencedores por intermédio do Senhor Jesus. Ele mesmo diz: "Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (João 16:33). Por isso, a vida é bela! Não olhemos para trás, o que passou, passou. O que perdemos, perdemos. Retroceder, jamais! Olhar para frente, sempre, pois adiante de nós está o porvir de glória e esplendor.

Evitemos olhar as coisas que nos cercam pelo lado obscuro da vida. Evitemos cair no erro de muitos que movidos pelo desejo enganoso do coração tentam fazer de Deus um títere, um boneco, querendo controlá-Lo para a conquista de coisas materiais, induzidos que são pela tola teoria da prosperidade, pensando que a vida é bela na medida em que alcançamos a posse de bens materiais. O que importa é a busca do Reino de Deus, as demais coisas são secundárias. O Pai nos dá as coisas que necessitamos não as que ambicionamos (Mateus 6:32-33).

Portanto, devemos nos resignar ao sentirmos os desassossegos desta vida que por vezes podem nos alcançar. Que a mansidão afaste o sentimento de revolta que poderá surgir em nosso coração; busquemos força em Deus, não em nosso interior, para que não sintamos temor; procuremos em demasia sermos felizes para não nos deixarmos abater pelas contrariedades e circunstâncias da vida. Tenhamos a firme convicção que o Senhor está ao nosso lado enquanto nos mantivermos em comunhão com Ele.

Diz o salmista, com plena segurança, que o Senhor “faz cessar a tormenta, de modo que se acalmam as ondas”. Os que nEle confiam se alegram com a certeza de bonança em um mundo tempestuoso. Há que se ter absoluta convicção que Deus nos levará, ao final da nossa jornada aqui, a um porto seguro e desejado, por isso há que se dar graças ao Senhor pela Sua benignidade e pelas Suas maravilhas (Salmo 107:29-31). Cultivemos em nós a mesma experiência de Paulo, que mesmo atribulado não se angustiava; quando perplexo não desanimava; ao ser perseguido sabia que não estava desamparado; podia ficar abatido, porém jamais destruído (2 Coríntios 4:8-9).

Descansar no único Deus que tem o poder de fazer uma manhã nublada se tornar brilhante, não é preciso ter visões para saber que Ele está no controle de todas as coisas. Deve haver em nós a total confiança que no aconchego do Seu regaço há serenidade por sermos Seus filhos amados. Enquanto aqui estivermos nada escapa à percepção do nosso Deus. Basta uma ordem Sua e o furor das ondas desta vida se esvai, deixando-nos a mesma tranqüilidade de um pôr-do-sol à beira-mar. Ele conforta o nosso coração com o maior dos afetos, o Seu Amor.

Não permitamos que nossas convicções sejam abaladas e que percamos a vontade de viver, mesmo que alguns momentos de nossa vida sejam extremamente dolorosos. Não percamos a vontade de amar, mesmo que na pessoa que mais amamos o mesmo sentimento não seja recíproco. Não percamos a alegria de viver mesmo quando as lágrimas aflorem nossos olhos e escorram por nossa face, pois jamais devemos nos esquecer que Deus nos ama de forma infinda e grandiosa. Que mesmo a mais ínfima partícula de alegria e esperança dentro de nós seja capaz de transformar qualquer coisa que estiver em nosso entorno, pois a vida é bela.

Permita Deus que assim seja em 2008 para cada um de nós. Feliz ano novo!

autor: José Carlos Jacintho de Campos.