Merece confiança o Novo Testamento??? (1)

Merece confiança o Novo Testamento?

O cristianismo está baseado em fatos históricos (nascimento, vida, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo) e não em suposições, lendas ou teorias.

Para verificarmos o que nos propusemos (que é o título deste artigo), vamos verificar:

1) O caráter dos escritores do NT;

2) A consistência do texto do NT;

3) A exatidão histórica dos escritos do NT;

4) Descobertas arqueológicas referentes ao NT;

5) Escritos dos primeiros séculos que comprovam o NT:

a) Escritos de autores gentios;

b) Escritos de autores judeus;

c) Escritos não bíblicos de cristãos;

6) A data aproximada em que foram escritos;

7) Os manuscritos do NT;

8) O Cânon do NT e sua formação;

9) Conclusão.

O CARÁTER DOS ESCRITORES

a) Eram homens de procedência bem variada; uns eram simples pescadores (Tiago e João; Pedro e André) e outros eram mais preparados: um, cobrador de impostos (Mateus), outro, médico (Lucas) e outro, um grande pensador do primeiro século (Paulo);

b) Apesar disto, não há nenhuma contradição entre os seus escritos, o que comprova que tanto uns quanto os outros tinham apenas o propósito de mostrar fatos ocorridos;

c) Não tinham como ideia formar uma nova seita ou religião; eram apenas testemunhas oculares dos fatos;

d) Seria impossível que, tanto os mais simples quanto os mais estudados estivessem de acordo em escrever quanto à retidão, honradez e iniquidade; seriam cínicos ou extremamente corretos;

e) Nas histórias das religiões apareceram pregadores da verdade e de mentiras, mas, mais cedo ou mais tarde, estes foram descobertos;

f) Falavam de seus próprios defeitos, não querendo aparecer como “os tais”, mas apresentando-se sempre todos eles com a mensagem de sinceridade, amor e honestidade;

g) Apelavam constantemente aos seus leitores quanto à verdade que proclamavam (Atos 2:23; 26:25-26);

h) Estavam dispostos a morrer pela mensagem que ensinavam e selaram suas palavras com sangue.

A CONSISTÊNCIA DO TEXTO

Escritores e pensadores têm tentado desacreditar a Bíblia, procurando contradições no texto, sem o terem conseguido.

Temos quatro relatos diferentes em o NT, que são os quatro evangelhos, de fatos que aconteceram, além de outras referências, e seria possível haver discordância entre elas. Mas há uma coincidência nelas, embora cada uma tenha o seu próprio ponto de vista e ênfase, mas tudo se encaixa harmoniosamente.

Três casos aparentemente conflitantes são:

a) Mateus 10:29 fala de dois endemoninhados gadarenos, enquanto Marcos 10:46 e Lucas 18:35 falam só de um;

b) Em Mateus 20:20, a mãe de Tiago e João, pede para estes o melhor lugar no Seu Reino e em Lucas 10:35 são eles que fazem o pedido;

c) Em Lucas 18:35 lemos que Jesus Cristo Se aproximava de Jericó na cura de Bartimeu e em Mateus 20:29 e Marcos 10:46 lemos que a cura aconteceu quando Ele saía de Jericó.

No primeiro caso, Marcos e Lucas falam de um, que é o que interessa, por ter sido convertido. No segundo caso, deve ter acontecido que a mãe e os dois filhos foram falar com o Senhor. No terceiro caso, pode referir-se às ruínas de Jericó e/ou à nova cidade de Jericó depois de sua reconstrução, localizadas uma perto da outra, mas em lugares diferentes. Podemos assegurar que se trata apenas de ênfase das testemunhas oculares.

É importante citar o caso de Frank Morrison, jornalista inglês, que se dispôs a provar que a história da ressurreição de Jesus Cristo era apenas uma lenda. Começou suas investigações convencido de que a Bíblia estava cheia de contradições. Entretanto, ao examinar detidamente e detalhadamente as evidências, acabou convertendo-se ao Evangelho. Após a sua conversão, publicou um livro: “Quem removeu a pedra?”.

EXATIDÃO HISTÓRICA DOS ESCRITOS

Muitos dos fatos da vida de Jesus Cristo (Seus milagres, viagens e ensinos) não podem ser demonstrados pela investigação histórica, mas os escritores do NT (ou dos quatro evangelhos) fazem suas declarações com referências históricas que podem ser comprovadas:

a) Se as narrativas históricas do NT fossem fraudulentas, inventadas anos depois a fim de servirem a uma religião inventada, seria improvável que os novos escritores se arriscassem a criar um fato histórico, pois seus escritos certamente seriam rejeitados por quem os viveu;

b) Consideremos Lucas, cujos escritos podem ser comprovadamente tão exatos que ele pode ser classificado como um historiador. Os conhecedores da navegação falam dele como um profundo conhecedor da náutica antiga (Atos 27 e 28). Ele usa os títulos imperiais adequadamente na época (Atos 13:17; 16:20; 18:12; 19:31, 38; 28:7; Lucas 3:1).

Em todas estas citações ele fala dos títulos que naquela época eram dados às autoridades e fala de hábitos e costumes peculiares nas regiões.

Lucas tem sido criticado porque suas citações não coincidiam com a história secular, mas, após algumas descobertas arqueológicas e em obras clássicas da época, verificou-se que ele usava os títulos e palavras apropriados.

DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS

Elas são mais abundantes nos estudos do AT, enquanto que os do NT não têm a envergadura política daqueles. Citaremos alguns do NT:

a) Moedas e inscrições de Pôncio Pilatos que, por muito tempo, julgava-se que não existiam;

b) Os tanques de Betesda e Siloé podem ser visitados atualmente;

c) Quanto à proibição da entrada de gentios no Templo, achou-se uma placa com esta proibição;

d) Em Listra acharam-se evidências de culto de Júpiter e Mercúrio, com quem Paulo e Barnabé foram confundidos;

e) Em Éfeso podem ver-se as ruínas do culto a Diana;

f) Foram achadas provas arqueológicas de que Erasto (citado em Atos 18:22 e em Romanos 16:23), tesoureiro da cidade, existira.

As poucas descobertas arqueológicas relativas ao NT apoiam o que ele diz.

(Continua na próxima edição)

 

autor: Ramón Jané Amill.