Prioridades - 3

“Hipócrita, tira PRIMEIRO a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão ...”
(Mateus 7:5).

Neste trecho em foco vemos a importância de uma auto-análise das nossas vidas individuais. No capítulo 5 o Senhor Jesus analisa a possibilidade de ofender um outro irmão. Aqui no capítulo 7 Ele considera uma outra atitude completamente diferente e mostra como eu posso ajudar em vez de criticar.

O capítulo começa com este aviso solene: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt.7:1). Esta expressão não é uma proibição absoluta e irrestrita ao julgamento ou avaliação de outros. Vários trechos do Novo Testamento mostram que em algumas circunstâncias é necessário e essencial analisar e, se for necessário, condenar o comportamento de uma outra pessoa. Mas o trecho em foco condena a atitude injusta de alguém criticando uma outra pessoa desnecessariamente.

O apóstolo Paulo no tratamento clássico do Novo Testamento apresenta o perigo de tal atitude e a condena dizendo: “Portanto és INDESCULPÁVEL quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas o outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias cousas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que praticam tais cousas” (Rm.2:1-2). Escrevendo sua primeira carta aos Coríntios ele explica: “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo ... pois quem me julga é o Senhor” (1Co.4:3-4). Ele está afirmando que tinha consciência limpa, mas que o juízo definitivo ficava por conta do Senhor.

O Senhor usa uma ilustração para explicar. Ele apresenta dois irmãos (veja v 3). A visão de um está impedida por um “argueiro”, algo muito pequeno, uma partícula, enquanto a do outro está afetada por uma “trave”. Em ambos os casos estão sendo prejudicados e não conseguem enxergar adequadamente. O argueiro pode ser despercebido, mas não a trave. A pessoa com o argueiro no olho percebe a presença dele e quer que seja removido o mais rápido possível. Portanto, o irmão que tem a trave não a percebe e nem sabe como tirá-la. O Senhor está dizendo que o irmão espiritual que tiver um defeitinho quer que seja resolvido rapidamente enquanto o irmão carnal cujo comportamento é realmente censurável não mostra a mínima preocupação.

“POR QUE? E COMO?”

Ao irmão que tem a trave o Senhor faz duas perguntas, “Por que?” (v 3), e “Como?” (v 4). Analisando os versículos, fica perfeitamente claro o que o Senhor queria saber: 1) Por que você se preocupa com o argueiro dele e não percebe a sua trave? 2) Como ajudaria o teu irmão quando está numa situação pior do que a dele?

A trave representa esta atitude lamentável de querer criticar e julgar outros. No que diz respeito a julgar, o Senhor está dizendo: “Não o faça”. A crítica faz parte das faculdades comuns do homem, mas no campo espiritual, nada se consegue através da crítica. A crítica sempre provoca a destruição dos potenciais daquele que é criticado. O Senhor é o único que está em condições de avaliar e só Ele é capaz de mostrar o que está errado sem magoar ou machucar. Não é possível estar em comunhão com o Senhor quando não estiver em comunhão com os demais irmãos. O espírito crítico nos torna vingativos e duros e nos deixa com a impressão de que somos superiores.

Estes ensinos do Senhor Jesus tocam profundamente em nossos corações. Se eu estiver vendo o argueiro em seu olho, significa que provavelmente algo está errado comigo. Tudo o que vejo de errado em meu irmão, o Senhor o encontra em mim. Todas as vezes que julgo alguém, condeno-me a mim mesmo.

Chega de criticarmos a vida dos outros irmãos. Sempre existe na vida dos outros algumas circunstâncias que não conhecemos. Se você tem tido muita facilidade em descobrir os defeitos dos outros, lembre-se de que essa será exatamente a medida que se aplicará a você.

Romanos 2 aplica esse princípio de uma forma clara e inconfundível, e afirma que aquele que critica o outro é culpado da mesma coisa: “... és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que praticam tais cousas...” (Rm.2:1-2). Deus não olha apenas para o ato, Ele examina os motivos também e considera as possibilidades.

A grande característica do servo de Deus é a humildade. Que sejamos sinceros e humildes. O Senhor Jesus diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Quem dentre nós ousaria apresentar-se diante de Deus, dizendo: “julga-me como tenho julgado os meus irmãos”? Se o Senhor tivesse nos julgado desse modo, estaríamos numa situação realmente difícil.

Temos considerado três prioridades dos ensinos do nosso Amado Salvador. Se obedecermos a primeira estaremos em condições de preservarmos a nossa comunhão com Deus. Colocando em prática, as duas últimas nos darão capacidade para apreciarmos os demais irmãos que são membros do corpo de Cristo e preciosíssimo aos olhos do Senhor. Que o Senhor nos ajude.

autor: André David Renshaw.