Um exemplo de vida espiritual autêntica para o ano novo

Asa fez o que era bom e reto perante o Senhor

2 Crônicas 14:2

Não há como se negar que o panorama cristão dos nossos dias apresenta, em muitas áreas de atuação, um contexto de carente espiritualidade. Essa situação negativa do cristianismo atual é reconhecida e proclamada por lideranças evangélicas idôneas. Refletindo sobre esse fato deparei-me com um digno exemplo de notável espiritualidade nos idos da velha monarquia israelita: o rei Asa, de Judá (2 Crônicas 14:1-8).

Sabemos, pelas Escrituras, que o contexto geral do comportamento religioso israelita era deplorável, tanto no reino de Israel como no de Judá, por causa da ausência de espiritualidade das suas lideranças. Raros foram os reis que correspondiam ao padrão determinado por Deus para o exercício de suas importantes funções. Por isso o caos acontecia e alcançava toda a coletividade israelita.  O versículo 2 do texto define a espiritualidade de Asa com uma notável definição de seu modo de ser e de agir como rei: “Asa fez o que era bom e reto perante o Senhor”. Que extraordinário exemplo de vida espiritual autêntica!  Destacamos três marcas desse exemplo positivo:

1.     PREOCUPADO COM O EXERCÍCIO DA BONDADE – “fez o que era bom”

Afirmou o Senhor Jesus que ”ninguém é bom, senão um, que é Deus” (Lucas 18:19). Na verdade, o ser humano não tem condição de exercer a “bondade” no seu conceito verdadeiro, por causa da sua natureza pecaminosa. Mas em Cristo, pela atuação do Espírito Santo em e através de nós, somos capacitados a manifestar a “bondade”, evidência indiscutível de espiritualidade. Por isso Paulo, em Gálatas 5:22, afirma ser a “bondade” um dos aspectos do fruto do Espírito. Não confundir “bondade” com práticas filantrópicas exibicionistas e formais, contemporização com erros censuráveis, omissão de ações disciplinadoras necessárias, e muitas outras atitudes mascaradas de “bem querer” ou práticas de falso amor, em geral adotadas para atender a interesses próprios, motivadas por segundas intenções. Ser “bom”, como no exemplo do rei Asa, é agir com sinceridade e sem alarde, como se Deus mesmo estivesse agindo através de nós. É conduzir-se sob o total controle do Espírito de Deus. Quando buscamos esse tipo de atitude, a verdadeira “bondade” se manifesta e a espiritualidade se evidencia no nosso comportamento. Veja o exemplo de Paulo em Filipenses 1:21, conforme Romanos 7:19.

2. PREOCUPADO COM O EXERCÍCIO DA RETIDÃO – “fez o que era... reto”

O detalhe do exemplo de espiritualidade do rei ASA aí destacado é a sua preocupação em agir, em tudo, com “retidão”. É uma expressão de conotação jurídica da maior importância. “Reto” é aquilo que corresponde exatamente à medida certa, isto é, está estritamente dentro do padrão correto. É o “justo”. Só Deus é justo, pois só Deus age em absoluta “justiça”. “Justiça”, na Bíblia, tem o sentido daquilo que corresponde, rigorosamente, ao padrão de comportamento estabelecido por Deus.  O pecado nos “desajustou” e nos tornou “injustos”. Mas pela Graça de Deus, através da obra de justiça realizada por Jesus Cristo no Calvário, onde Ele recebeu o castigo dos nossos pecados (Isaías 53 – obra da Redenção), somos declarados “justos”, quando cremos (Romanos 5:1 – justificados pela fé) e capacitados à prática da justiça, pela atuação poderosa do Espírito Santo que em nós habita. É o exercício da Soberana vontade de Deus em tudo o que fazemos, agindo, rigorosamente, no Seu padrão em nosso viver cristão, para evidenciarmos espiritualidade.  Deus não quer que sejamos “religiosos”. Quer que sejamos “espirituais”. Que digno exemplo de espiritualidade é Asa para nós, fazendo somente o que era reto! Fazer o que é reto é agir na estrita vontade de Deus. Veja o ensino de Paulo em Romanos 12:1-2 – experiência da boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

3. PREOCUPADO EM SER BEM AVALIADO POR DEUS – “perante o Senhor”.

Asa era diferente de muitos reis que lideraram os israelitas, que agiam mais preocupados em satisfazer aos interesses temporais do que a Deus. Ignoravam o fato de que estavam perante Deus e de que é Deus, afinal, Quem avalia e julga o comportamento humano. Asa agia sempre consciente de que estava perante Deus e que a Deus é que deveria prestar contas (Romanos 14:12). Isso o estimulava a ter a máxima atenção na maneira como agia. Não lhe importava a avaliação humana, mas a divina. Essa é outra marca notável da espiritualidade. Devemos sempre ter presente que vamos comparecer perante o Tribunal de Cristo, para que cada um de nós receba segundo o bem ou o mal que tivermos feito por meio do corpo (2 Coríntios 5:10). Ajamos segundo o louvável exemplo de espiritualidade de Asa, conscientes de que estamos sempre agindo perante Deus, por Quem vamos ser avaliados e julgados e a Quem deveremos prestar contas.

Anotamos, a seguir, quatro aspectos práticos do exemplo de espiritualidade do seu comportamento como rei:

1. EXTIRPOU A IDOLATRIA – vs. 3, 5

Veja os verbos que descrevem a sua contundente atitude: “aboliu” e “quebrou”. Deus é absoluto e exclusivo e não admite outros cultos e devoções que Lhe sejam estranhos e concorrentes.  Devemos nos examinar e, consciente e determinadamente, extirpar qualquer resquício de idolatria que agasalhemos. Veja Salmo 16:2-4.

2. DETERMINOU QUE BUSCASSEM AO SENHOR – v. 4

Deus deve ser prioritário em nossa vida. Deixamos, muitas vezes, de buscar ao Senhor, perdendo-nos nas nossas próprias propostas de soluções, prejudicando, assim, a nossa espiritualidade. Veja Provérbios 3:5-6; Salmo 37:5.

3. DETERMINOU A OBSERVÂNCIA RIGOROSA À PALAVRA DE DEUS – v. 4

É indispensável, para a espiritualidade na vida cristã, permanente preocupação com a observância dos ditames da Palavra do Senhor. Veja a orientação de Deus a Josué, para que fosse bem sucedido na sua missão da conquista da terra pelo povo de Israel, sob o seu comando (Josué 1:7-8). E funcionou! Veja Salmo 119:11; 97-105.

4. ESTABELECEU FORTIFICAÇÕES SEGURAS CONTRA OS INIMIGOS – vs.6-8

Não poderemos manifestar espiritualidade na fragilidade de nossas resistências espirituais. Veja Efésios 6:10-18 – a armadura de Deus. Deus não nos quer desguarnecidos e nos propicia todos os recursos necessários para sermos vencedores. Devemos apropriá-los e utilizá-los. A exortação de Pedro vai nesse sentido (1 Pedro 5:8).

CONCLUSÃO

No digno exemplo da espiritualidade de Asa, constatamos o “resultado” de extraordinárias bênçãos: PAZ – REPOUSO – PROSPERIDADE (vs. 6-8). Sigamos o seu exemplo de vida espiritual autêntica, para usufruirmos, também, as mesmas bênçãos.

autor: Jayro Gonçalves.