Mãos á Obra

“Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”

(Esdras 7:10)

 

Março inaugura o ano ativo. No Brasil, o verão vai se esvaindo, levando consigo o período de lazer, descanso e viagens, alternativas de usufruto das merecidas férias. Esse período, também, foi mais uma oportunidade para reflexões profundas e bem meditadas sobre os erros e os acertos das realizações passadas e a busca de uma atuação mais adequada para os sucessos pretendidos, no novo período de atuação. Afinal, março chega e impõe-nos “mãos à obra”.

Lamentavelmente, muitos dos que se dizem cristãos alienam o Senhor das cogitações que determinam o processo ativo da nova etapa de realizações. Por isso dão-se mal e acabam por experimentar amargo fracasso.

Esdras tinha que por “mãos à obra”. E o fez deixando-nos uma receita correta de como agir com a certeza dos resultados favoráveis. Lê-se no texto bíblico: “Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”.

Preliminarmente, vemos na sua atitude a preocupação correta de agir com a convicção de estar atuando nos estritos termos da soberana vontade de Deus. É fundamental que ajamos assim quando pomos “mãos à obra”.

Esdras não agiu sustentado, apenas, por suas próprias idéias, seguindo a enganosa lógica da sua razão, as conclusões do seu limitado raciocínio intelectual, os palpites e as falhas orientações oriundas da precária sabedoria dos conselheiros de plantão. Dispondo o seu coração perante o Senhor, buscou a convicção necessária da sabedoria divina, para estar seguro de que agia na Sua soberana vontade.

Impõe-se que sigamos o exemplo de Esdras, para que tenhamos a convicção de que agimos na vontade de Deus e não ponhamos “mãos à obra” de forma equivocada e fracassemos. Essa convicção conduziu Esdras a três atitudes importantes no seu comportamento ativo, buscando os alvos de Deus e o conseqüente sucesso da sua notável missão. Vejamos:

  1.  A INSTRUÇÃO – “buscar a lei de Deus” (v.10a). Esdras era um escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo Senhor e a boa mão do Senhor estava sobre ele (Ed .0:6). Conclui-se, pois, que ele era um homem grandemente capacitado para realizar, com sucesso, a difícil missão que lhe era entregue junto ao povo de Israel. Nem por isso agiu com a presunção de que já sabia tudo. Buscou a “instrução” do Senhor na Sua Palavra. Não é isso que vemos nos dias que correm no comportamento de muitos cristãos, pondo “mãos à obra”. Por isso fracassam. É essencial uma constante aplicação no estudo sistemático da Palavra de Deus no nosso comportamento ativo. É desanimador observar uma grande negligência nessa área por parte de muitos crentes. As reuniões para estudo bíblico são pouco freqüentadas; as escolas bíblicas que algumas igrejas oferecem, com proveitosa e adequada programação para o estudo da Bíblia e capacitação espiritual dos crentes, não são levadas a sério e pouco interesse despertam. Isso é muito triste e nos conduz a perspectivas melancólicas. Verifica-se a carência de valores com capacidade espiritual para por “mãos à obra”, como o Senhor deseja. Mesmo no exercício pessoal do estudo da Palavra de Deus há muita e danosa negligência. Nota-se um distanciamento cada vez mais acentuado da imprescindível “instrução” da Palavra de Deus. Há, na Bíblia, dignos exemplos de aplicação na instrução da Palavra, como razão direta do sucesso (veja Js.1:7-8; Ne.8:1-8). O Senhor Jesus usou as Escrituras para conduzir os Seus discípulos à compreensão e à capacitação para a grande missão evangelizadora do mundo (Lc.24:44-49). Paulo enfatizou, em seu ensino, a importância da capacitação na Palavra (2Tm.2:15). A Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos (Sl.119:105). Deve ser a nossa meditação todo o dia (v.97). Faz-nos sábios, prudentes e desvia os nossos passos do mau caminho (vv.98-102). Que possamos dizer, como o Salmista: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca” (v.103).
  2. A VIDA – “para a cumprir” (v.10b). Esdras buscou a instrução da Palavra de Deus não, apenas, para se vangloriar da sua sapiência, mas porque entendia a sua importância para uma vida consagrada. Não a buscou para, simplesmente, arquivá-la como patrimônio intelectual, mas para cumpri-la, cabalmente, na realização dos atos da sua importante missão. Sem dúvida, a Palavra de Deus é o grande subsídio para vivermos, com fidelidade, a nossa carreira cristã. Muitos hoje em dia sabem muito da Bíblia, preocupados com a ostentação de sabedoria teológica, mas vivem muito longe dos seus divinos ditames. Com suas vidas fora do padrão bíblico, desonram a sua fé cristã e a Deus, contribuindo, desastradamente, para o mau testemunho do Evangelho. Um dia terão que prestar contas ao Senhor desse condenável procedimento. Há um notório comportamento reprovável por parte de muitos revelando, às vezes, acentuada e fútil religiosidade, mas nenhuma espiritualidade. Busquemos, como Esdras fez, cumprir em nossas vidas a Palavra do Senhor. Paulo nos exorta a respeito, solenemente, em Efésios 4:1; 5:15 (o verbo “andar”, nesses textos, tem o sentido de “viver”).
  3. O MINISTÉRIO – “para ensinar em Israel...” (v. 10c). A expressão “ministério” tem a ver com o serviço que o cristão deve prestar ao Senhor, realizando, com fidelidade, os propósitos do Senhor em várias áreas da sua responsabilidade como filho de Deus. O conceito de “ministro” está exposto por Paulo, em 1Coríntios 4:1-2, onde a expressão está relacionada, estreitamente, com a condição de “despenseiro”. Diz aí Paulo que Deus requer dos despenseiros (ministros, v.1) que cada um deles seja encontrado fiel. Deus nos capacita para vivermos no Seu padrão e ministrarmos com fidelidade. Um dos aspectos importantes do ministério é o ensino. Devemos ser instrumentos fidedignos do Senhor nesse ministério. Ele se realiza pelo nosso permanente testemunho verbal. Testemunhar não é, apenas, o exercício do ministério predicatório, evangelístico ou de ensino da Palavra (dom espiritual), mas o dever que todo o cristão tem de falar da sua experiência de convertido e de comunhão com Deus (ver At.1:8). Mas o ministério de ensino tem a ver, também, com o nosso exemplo de fidelidade ao padrão de vida cristã. O ministério da fiel prática da Palavra torna-se de grande eficiência didática. Esdras exercitou, com grande empenho, o ministério de ensino em Israel, contribuindo, decisivamente, para a restauração e o benefício espiritual do povo de Deus. Vamos por “mãos à obra” seguindo esse sublime exemplo.

O desafio do Senhor está perante nós. “MÃOS À OBRA” com aplicação no estudo (instrução) da Palavra de Deus, vivendo (cumprindo) cabalmente o padrão da Palavra de Deus e ministrando (ensino) com fidelidade a Palavra de Deus!

autor: Jayro Gonçalves.