Vivendo De Modo Digno Do Senhor

“... a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda a boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus, sendo fortalecidos com todo o poder... dando graças ao Pai” 

Colossenses 1:10-11

Um dos mais sérios desafios que nos é feito pela Palavra de Deus está contido no oportuno texto que encima esta crônica. Como temos vivido? A resposta a essa pergunta nos fará refletir sobre equívocos que cometemos. E é bom que reconheçamos esse fato. Mas o que passou, passou. Não devemos ficar a lamentar os fracassos, mas, reconhecendo-os com humildade, deles tirar as lições que nos ajudarão a responder favoravelmente ao novo desafio do Senhor: “Viver de modo digno do Senhor”.

Um chinês pagão disse, certa vez, a um missionário, que o seu maior desejo era tornar-se cristão evangélico. “Onde ouviu a pregação do Evangelho?”, perguntou o missionário. “Nunca o ouvi pregado, mas o tenho visto vivido”. Em Nirgpo havia um homem mau, fumador de ópio, violento, mas que foi transformado pelo poder do Evangelho. Por isso, “eu vi o Evangelho vivido e não pregado”.

Há duas maneiras de nos manifestarmos perante os outros: a primeira é pela proclamação verbal do que julgamos ser. A segunda é pela evidência de nossas atitudes e atos.

Revelamo-nos mais pelo que os outros veem em nós do que pelo que de nós dizemos. Jesus Cristo enfatizou a importância do testemunho da vida na afirmação do verdadeiro cristianismo, quando afirmou que “somos a luz do mundo e o sal da terra” (Mateus 5:13-16).

O “viver” fala mais alto do que o “falar”. O Senhor Jesus verberou e condenou fortemente a expressão negativa e hipócrita da religião formalista, sem valor e autenticidade, caracterizada pela verbosidade inconsistente (Mateus 23:13-36).

O que têm constatado em nós aqueles com quem convivemos? Tem sido notória a presença do poder transformador de Cristo em nossas atitudes e em nossos atos? O que de positivo pode ser notado? Não terá havido evidente contradição entre o que tenhamos dito a nosso respeito e aquilo que nossos atos e atitudes mostraram? Não terá a nossa vida desmentido e anulado a mensagem das nossas palavras, ainda que expressivas e eloquentes?

A esse respeito, Paulo é um digno e positivo exemplo. Paulo falou muito. Escreveu bastante. Mas viveu exuberantemente o que falou e escreveu. Viveu em Cristo. Mostrou Cristo em seu viver cotidiano. O que tem levado muitos, através dos tempos, a aceitar e confiar nas verdades por ele proclamadas a respeito de Cristo tem sido a mensagem do seu próprio viver. Ele afirmou: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20).

O cristianismo não se faz de palavras eloquentes, mas de vidas humildes que revelam o caráter do próprio Cristo. O cristianismo autêntico revela-se pelo “viver” do cristão, não pelo seu “dizer” que não é vivido. Isto será a negação do cristianismo.

Viver de modo digno do Senhor é o desafio que Ele nos faz. Se somos do Senhor não nos resta alternativa. Como novas criaturas devemos viver de modo digno do Senhor. A dignidade do Senhor é incomparável! Se não O dignificamos em nosso viver, O estaremos desonrando! Devemos, pois, “andar (viver) de modo digno da vocação a que fomos chamados” (Efésio 4:1).

Como viver de modo digno do Senhor? Paulo responde no texto básico desta crônica:

1. Vivendo para o Seu inteiro agrado – O Senhor deve ser “exclusivo” e “prioritário” em todos os lances do nosso viver. Nem sempre é isso que norteia nossos atos e atitudes. Buscamos, em geral, a nossa satisfação pessoal. Priorizamo-nos equivocadamente, deixando de lado o Senhor. O Senhor nos ensina que devemos “buscar em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça” (Mateus 6:33). A expressão “o seu reino” aí fala da nossa total submissão à Sua Soberania em nosso viver; a expressão ”sua justiça” tem a ver com o Seu padrão para o nosso viver. Isso significa que a Sua vontade deve ser ampla e necessariamente manifestada em nossa realidade existencial. O Senhor Jesus fez notável esse aspecto no exercício de Sua missão no mundo. Fazer a vontade do Pai era fundamental no Seu ministério na terra, como declarou reiteradas vezes (Mateus 12:50; Lucas 22:42; João 4:34; 5:30; 6:38). Somente priorizando o Senhor em nosso viver cotidiano e buscando fazer, em tudo, a Sua vontade, pondo-a acima da nossa própria vontade, é que viveremos para o Seu inteiro agrado. Paulo, também, dá grande ênfase a esse ensino, acentuando a imprescindibilidade da experiência da boa, perfeita e agradável vontade de Deus em nosso viver, para que a vida valha a pena (Romanos 12:1-2). Agindo assim estaremos vivendo para o Seu inteiro agrado e de modo digno do Senhor.

2. Frutificando em toda a boa obra – Ensinando os Seus discípulos sobre a produção de frutos no viver cristão disse o Senhor Jesus: “Todo o ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” (João 15:2). A oportuna metáfora usada pelo Senhor Jesus, em João 15:1-17, contém preciosas lições sobre o desejo do Senhor para que o nosso viver cristão manifeste ampla frutificação. No verso 5 afirma o Senhor: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. Aprendemos aí três coisas fundamentais sobre o viver frutificando:

  1. – Devemos assumir totalmente o Senhor em nossa vida (“permanecer em mim”);
  2. – Devemos dar-lhe todo o espaço de nossa vida (“e eu, nele”);
  3. – Só assim frutificaremos em toda a boa obra (“esse dá muito fruto”).

O verbo chave nesse precioso capítulo é “permanecer”. O Senhor acentua a necessidade de permanecermos nEle (vs. 4, 5, 6 e 7), permanecermos na Sua Palavra (vs. 7 e10), permanecermos no Seu amor (vs. 9 e 10) para que possamos frutificar em toda a boa obra e o nosso fruto permaneça (v. 16). Ensina-nos Paulo que podemos contar, ainda, com o Espírito Santo, agente divino de nossa frutificação em toda a boa obra. Gálatas 5:22-23 afirma que “o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”. Que privilégio podermos contar com o substancial suprimento do Espírito para frutificarmos em toda a boa obra nas várias áreas do nosso viver e, assim, vivermos de modo digno do Senhor!

3. Crescendo no pleno conhecimento de Deus – Em Efésios 4:15, Paulo afirma: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo”. O crescimento espiritual é uma evidência do novo nascimento. Afinal de contas é preciso nascer para crescer! A Palavra de Deus é clara quanto à imperiosidade do nosso crescimento espiritual: “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4:14). Que bom seria se, em nosso viver, pudéssemos ser notados em razão da acentuada maturidade espiritual exteriorizada nas nossas atitudes, na firmeza da nossa doutrina e autoridade espiritual, e na convicção de nossa fala, tudo isso resultante de inquestionável crescimento no pleno conhecimento de Deus! Antes de nascermos de novo estávamos afastados de Deus. Cristo nos reconciliou com Deus. Possibilitou-nos o Seu conhecimento, tanto como o Deus Criador como o nosso Deus e Pai. Exemplar foi a experiência de Enoque. Andou com Deus e Deus o tomou para Si. Cresceu no conhecimento de Deus como Pai e amigo íntimo. Diz Davi, no Salmo 25:14: “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança”. Devemos procurar crescer no pleno conhecimento de Deus, como o Pai que nos ama. Esse conhecimento nos fará crescer espiritualmente, porque nos fará conhecer melhor a Sua vontade em toda a sabedoria e inteligência espirituais. Assim teremos condição de vivermos de modo digno do Senhor.

4. Fortalecidos com todo o poder – Vitalidade espiritual é fundamental para vivermos de modo digno do Senhor. Em 2 Timóteo 2:1, Paulo exorta: “Tu, pois, filho, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus”. O cristão deve ser dotado de energia espiritual (força) na manifestação do seu viver cotidiano. Não é a força do intelecto, da sua capacidade de persuasão, dos recursos materiais e financeiros de que dispõe, da sua posição privilegiada no contexto da sociedade, do seu autoritarismo, da sua truculência. A força de que carecemos vem do alto! É a concessão da graça que está em Cristo Jesus! Todos os recursos que nos revestem de todo o poder são fornecidos pelo Senhor. Por isso devemos buscá-los incansável e insistentemente. O Senhor no-los põe à disposição e espera que deles nos apropriemos através do exercício de nossa Fé. Em Efésios 3:16 lemos que Paulo orava para que o Senhor, segundo a riqueza da Sua glória, fortalecesse os crentes em Éfeso com poder, mediante o Espírito no homem interior. O Espírito Santo é recurso fundamental do nosso fortalecimento com todo o poder. Em Efésios 6:10, Paulo recomenda “sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”. Alinha, a seguir, os recursos da armadura de Deus, dos quais nos devemos apossar para estarmos fortalecidos com todo o poder. O seu testemunho a respeito é notável, dado em circunstâncias de grande adversidade, pois se encontrava preso quando o deu: “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13). Somente fortalecidos com todo o poder poderemos viver de modo digno do Senhor.

5. Gratos ao Senhor – A gratidão ao Senhor no nosso porte cotidiano evidencia o nosso viver de modo digno do Senhor. Agrada muito ao Senhor contemplar-nos sempre gratos pelas múltiplas manifestações da Sua permanente graça a nosso favor. Paulo exorta: “Em tudo, dai graças, porque esta é vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5:18). A gratidão ao Senhor é a moldura do nosso viver de modo digno do Senhor.

CONCLUSÃO – Aceitemos o desafio para vivermos de modo digno do Senhor. Adotando as cinco atitudes sugeridas por Paulo, estaremos fazendo do cotidiano uma notável experiência de vida cristã!

autor: Jayro Gonçalves.